No dia 30 de junho, o gerente de Informação Técnica e Propriedade Intelectual do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras, Fernando Baratelli Jr., foi um dos palestrantes do Simpósio Academia-Empresa 2011, promovido pela ABC em parceria com a Faperj. Com a apresentação Redes de Inovação e Cadeias Produtivas: Iniciativas da Petrobras no Rio de Janeiro, o engenheiro químico apresentou as ações da empresa relativas ao seu investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D+I).
Baratelli destacou de início que o foco estratégico da Petrobras não é apenas o Brasil, mas também a América do Sul e a costa da África. “O conhecimento de águas profundas construído no Brasil pode ser extrapolado para o Golfo do México, por exemplo”, afirmou.
O palestrante informou que o pano de fundo da estratégia de inovação da empresa está relacionado ao seu plano de investimento, de modo que Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) são trabalhados em ligação com o plano de negócios. “Temos em torno de 700 projetos. A maioria é desenvolvida com universidades e institutos de pesquisa”.
A revista de economia norte-americana Forbes colocou, este ano, a Petrobras em oitavo lugar na lista das maiores companhias públicas mundiais. Baratelli apresentou dados informativos de que, na última década, as reservas da empresa cresceram 1,5 vezes, a produção, 1,7 vezes, o faturamento, 4,3 vezes e o lucro líquido, 3,6 vezes. “Esses são indicadores positivos, que multiplicam por nove o valor de mercado da empresa”. Segundo Baratelli, a empresa tem, portanto, muita preocupação em conseguir manter esse nível, de forma a permanecer como uma das maiores empresas do mundo.
Conforme os dados apresentados, o total de investimentos entre 2010 e 2014 deve ficar em torno de 224 bilhões de dólares, sendo que a maior parte desse valor será aplicada na área de exploração e produção. Neste setor, a maior parcela de investimentos será no Brasil. “Em 2020, queremos atingir a marca de 5.382 barris por dia, índice semelhante ao da Arábia Saudita”, informou Baratelli. Em todo o território fluminense, a companhia contabiliza mais de 134 mil trabalhadores. “A Petrobras contribui com uma parcela significativa da economia desse estado”.
Em relação aos investimentos em P&D da empresa, a média cresceu cinco vezes entre os períodos 2001-2003 e 2008-2010. A maior parte foi aplicada na área de produção, além de haver uma parcela significativa nas áreas de exploração e meio ambiente. Baratelli informou que um setor que também está crescendo na companhia é o de biocombustíveis: “Esta é a área do futuro, e a Petrobras quer sobreviver a uma eventual queda do petróleo mais à frente”.
De acordo com o engenheiro, os desafios para a tecnologia estão calcados em três eixos: o primeiro diz respeito a expandir os limites, através da busca de novas fronteiras exploratórias, recuperação avançada e logística do gás, entre outros fatores. O segundo eixo é a mudança do “mix”, a partir do desenvolvimento de combustíveis de maior qualidade e para a área de renováveis, além de insumos para petroquímica, gasquímica e biocombustíveis. O último eixo é o da sustentabilidade, que busca uma maior eficiência energética, redução de CO2 e outras emissões e preservação da água e efluentes.
Baratelli explicou a história geológica do pré-sal e seus principais desafios tecnológicos, entre eles a perfuração e completação – que evidenciam a necessidade de construção de poços com grandes ângulos – a promoção da integridade deles e outras ações. “Precisamos conhecer melhor esses reservatórios, pois eles têm características ímpares. Além disso, é necessário conhecer a interação da rocha com o fluido para se ter uma recuperação melhor”. Esses desafios tecnológicos, segundo o palestrante, exigem um processo de inovação, o que demanda uma mudança de patamar. “Com isso, teremos a possibilidade de ter uma nova geração de tecnologias desenvolvidas no Brasil e com parceiros chave que estão se instalando no país”.
Segundo Baratelli, a ideia é aumentar a capacidade local de inovação através de novos centros de pesquisa e novos investimentos em diversas áreas, além de expandir ainda mais a capacidade brasileira de P&D. De acordo com os dados, os investimentos da Petrobras em P&D em universidades e instituições aumentaram dez vezes em seis anos. Conforme mostrou Baratelli, se as demandas do pré-sal forem atendidas e uma capacidade local for construída, através das capacidades de P&D e engenharia e instalações fabris dos fornecedores, o Brasil se transformará em um pólo tecnológico chave para a indústria de óleo e gás.
Ao final da apresentação, Baratelli falou sobre a necessidade de formação de novos profissionais para que se dê andamento a esse processo. “É preciso levar essa mensagem aos jovens para que, eventualmente, eles pensem em seguir a carreira científica. O futuro não é só ser modelo ou jogador de futebol. É possível, também, ser um cientista”.