Virgílio Almeida e Leda Castilho
A sessão de Ciências da Engenharia, realizada em 2/12 como parte da conferência Avanços da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe, contou com palestras dos Acadêmicos Virgilio Almeida e Leda Castilho.
Cultivo de células animais para produção de fármacos
A engenheira Química Leda Castilho, afiliada à Academia Brasileira de Ciências e professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), apresentou sua pesquisa na área de Engenharia Bioquímica sobre os processos de cultivo contínuos com reciclo de células animais para produção de produtos biotecnológicos destinados à área farmacêutica. “Um dos principais desafios da pesquisa é desenvolver equipamentos que realizem a separação de células, de forma a possibilitar a produção desses fármacos”, explicou Castilho.
A Acadêmica observou que três estudos recentes, com três tipos diferentes de equipamentos de separação de células, abordaram os processos biotecnológicos aplicados na produção de produtos para a saúde humana. “Existem componentes do organismo que já são estudados para esta finalidade, como é o caso de certas proteínas e anticorpos para uso terapêutico, vacinas feitas com anticorpos, moléculas de DNA com fins de terapia gênica, células para uso terapêutico, a exemplo dos estudos com células tronco, e também muitas moléculas usadas para diagnóstico”, destacou a Acadêmica.
Castilho informou que os produtos mais usados no mercado atualmente são as proteínas para uso terapêutico. Por isso, toda a sua pesquisa envolveu o cultivo de células animais, priorizando a produção de tais proteínas. “Um dos desafios é a complexidade dessas proteínas, pois elas são molecularmente grandes e sofrem modificações químicas em sua estrutura dentro dos processos biológicos do organismo”, informou Castilho.
Engenharia da Computação e web
O Acadêmico Virgílio Almeida, pesquisador e professor titular de Ciência da Computação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou o trabalho Web: convergência de redes sociais e tecnológicas. A importância da pesquisa decorre do alcance da rede na geração atual, tendo em vista que será também o ambiente tecnológico da futura geração. “A penetração das novas mídias na sociedade é muito grande. A web é rapidamente incorporada e administrada a qualquer hora e em qualquer lugar em que esteja disponível”, disse Almeida.
O Acadêmico fez uma analogia muito interessante ao mostrar através de um mapa a quantidade de fotos dispostas no site Flickr. Essas fotos, disponibilizadas pelos usuários desse site, podem ser marcadas, indicando o local onde a foto foi tirada. A partir dessas informações, é possível mapear os lugares mais acessados, ou seja, os que possuem maiores índices de internautas. “Como vocês podem ver, a África está praticamente invisível. Temos pontos de luminosidade no Brasil e os mais iluminados são Europa e Estados Unidos. Nessa caso, o papel da ciência é tornar visível o invisível, o que ocorre com a Física, a Biologia Molecular, entre outras áreas”, comentou Almeida.
Antigamente, segundo o pesquisador, o papel da web estava vinculado ao interesse do usuário, fazendo pesquisas, por exemplo. Atualmente, “é como se a web estivesse ciente da interação global, é uma constante fonte de compartilhamento de dados, informações, interesses, tudo ao mesmo tempo”. Mas por que esse é um problema difícil de um ponto de vista científico? “Porque a complexidade dos números que englobam quantidade de fotos dispostas em inúmeros sites, artigos publicados na web, pesquisas que são feitas no Google gerando um número grande de páginas com inúmeros resultados em questão de segundos, milhões de usuários em todas as redes de relacionamento, quantidade de tweets computada por dia, dentre outros, é muito grande. Ou seja, tudo isso precisa ser tratado pela Ciência da Computação, tornando possível uma navegação eficiente e rápida, independente do quão complexos todos esses números possam ser”, explicou Almeida.