
Zucolotto cursou a faculdade de Engenharia de Materiais na Universidade Federal de São Carlos. Graduando-se em 1997, o curso permitiu-lhe ter contato com o conhecimento dos polímeros, da mecânica e de novos materiais. Seguiu o mestrado na mesma área e na mesma universidade até 1999 e formou-se doutor em Ciência e Engenharia de Materiais em 2003 na USP São Carlos.
Mas foi no pós-doutoramento que descobriu sua paixão pela interface da Engenharia com Biologia. Ele construía biossensores com o fim de detectar poluentes na água e percebeu que poderia estender seus conhecimentos da Nanotecnologia em benefício da saúde. “Podemos ter diagnósticos mais rápidos dos tumores através da ressonância ajudada pelas nanopartículas”, detalha o atual professor da Universidade de São Paulo em São Carlos. “Quando eu vi que com esses nanomateriais nós podemos auxiliar a Medicina, criando diagnósticos rápidos de dengue, leishmaniose e doença de Chagas, me senti muito gratificado por poder ajudar as pessoas”. A importância da multidisciplinaridade nessas aplicações é evidente, visto que são combinadas as áreas de Química, Física, Biologia e Medicina.
A pesquisa de Zucolotto trata dos efeitos da aplicação nanotecnológica na saúde humana e na agropecuária. Ela é inédita, e tem atraído muitos alunos. “É uma maneira fácil de se chegar aos jovens, inclusive do ensino médio, porque falamos do que eles podem entender, daquilo com que convivem no dia-a-dia”, revela. E de fato, a presença da Nanotecnologia é rotineira. Podemos, por exemplo, encontrar as nanopartículas de dióxido de titânio em protetores solar ou desodorantes e tintas.”Não devemos ser alarmistas e criar um pânico. Mas precisamos pesquisar o efeito das nanopartículas no organismo humano, se podem de alguma forma ser prejudiciais à saúde”, alerta o pesquisador.
A indicação para Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências foi motivo de felicidade para Valtencir Zucolotto. “Eu vejo a atuação na ABC como uma maneira de levar ciência para a sociedade”, comemora. O Afiliado agradeceu aos Acadêmicos Glaucius Oliva e Yvonne Mascarenhas, responsáveis por sua indicação, e aprovou o programa da ABC. “É muito interessante que a Academia tenha a perspectiva de ir se renovando.”