Os Eventos Científicos do Ano da França no Brasil começaram no dia 14 de setembro, com o 1º dia do Colóquio de Fïsica e Matemática, na sede da Academia Brasileira de Ciências.

O diretor da ABC e físico Luiz Davidovich, coordenador científico do evento na parte de Física, apresentou o membro correspondente da ABC, Prof. Claude Cohen-Tannoudji, ganhador do Prêmio Nobel de Física 1997, como um velho amigo do Brasil, lembrando sua participação em um Simpósio em 1981. Fez questão de ressaltar que deste Simpósio participou também Gerard tHooft, e que ambos ganhariam o Prêmio Nobel de Física – Tannoudji em 1997 e tHooft em 1999.

Em sua palestra o Prof. Cohen-Tannoudji apresentou um histórico do resfriamento e aprisionamento de átomos. Apontou como se pode utilizar átomos ultrafrios para testar fundamentos da física, como a possibilidade de variações temporais de algumas “constantes” fundamentais, o estudo já atual de novos estados da matéria, como os Condensados de Bose Einstein e a possibilidade de simular, de maneira muito bem controlada, sistemas físicos como cristais.

Os matemáticos foram apresentados pelo coordenador científico da área no evento, o Acadêmico Marcelo Viana, do IMPA. O membro correspondente da ABC Pierre Louis Lions tratou dos Jogos de Campo Médio, onde as decisões de cada participante dependem das decisões dos demais, estudado no limite de muitos participantes. Entre as idéias apontadas pelo Prof. Lions está que, em analogia com a Física Estatística, torna-se mais fácil estudar o limite de infinitos jogadores do que números precisos como 300 participantes. O Professor aproveitou para ilustrar seus resultados com vários exemplos cotidianos, como o fluxo de carros em volta do Arco do Triunfo, ou o problema de uma pessoa decidir onde vai estender sua toalha na praia de Ipanema.

O matemático do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) Artur Ávila, diretor de pesquisa do Laboratório de Probabilidade da Universidade de Paris VI,discutiu o problema de renormalização de operadores dinâmicos, onde os comportamentos a longos tempos e pequenas distâncias estão fortemente correlacionados. Ele aproveitou para discutir seus resultados recentes em dois tipos de problemas, tanto no conhecido diagrama de bifurcações, quanto em equações de Schrödinger com potenciais quase periódicos.


Marcelo Viana, Artur Ávila, Claude Cohen-Tannoudji,
Luiz Davidovich, Pierre-Louis Lions

O Acadêmico Moysés Nussenzveig tratou dos Túneis de Nanotubos de Membranas, recentemente descobertos e sob franca investigação. Começou apresentando o laboratório de Pinças Ópticas de UFRJ, onde se podem fazer tais investigações experimentais, junto com o Acadêmico Nathan Bessa. Mostrou várias propriedades destes nanotubos biológicos, com algumas propriedades como dois modelos para seu surgimento, alguns estudos de resistência à tensão, incluindo a observação de ramificação.

O matemático Etienne Ghys, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), discutiu a questão da chiralidade em sistemas dinâmicos. Um objeto é dito chiral quando ele não é equivalente à sua imagem em um espelho, como acontece com as nossas mãos. Inicialmente o Professor reviu algumas questões topológicas através do exemplo de nós. Depois passou a sistemas dinâmicos na esfera tridimensional, onde pode apresentar uma boa definição e um belo teorema sobre dinâmicas positivas, com respeito à chiralidade.


Moysés Nussenzveig, Beatriz Barbuy e Etienne Ghys

Por fim, a Acadêmica Beatriz Barbuy fez algumas observações sobre a possibilidade de observação direta das primeiras estrelas. Segundo os modelos atuais, estrelas massivas seriam as primeiras estruturas a se formar na história do Universo. Embora ainda não se tenha podido observá-las diretamente, tais modelos apontam que deve haver razoável abundância de estrelas antigas constituídas de materiais leves e que ainda estariam em processo de evolução. A Professora apontou ainda algumas observações recentes de supernovas e comentou sobre futuros telescópios que devem possibilitar tais observações diretas.