“Se Lampião tivesse tido bolsa de iniciação científica, ele não seria cangaceiro”. A afirmativa foi do Acadêmico Isaac Roitman, professor da Universidade de Brasília (UnB), ao responder uma questão de um aluno do Centro de Estudos Superiores de Tefé da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), durante sessão de debates da mesa-redonda intitulada Educação Científica, realizada no dia 16 de julho, na 61ª Reunião da SBPC. Coordenado pela reitora da UEA, Marilene Corrêa, o encontro teve a participação de Eduardo Mortimer, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ao explanar sobre a educação científica, Roitman afirmou que a ciência é o melhor caminho para se entender o mundo e que o conhecimento científico é o capital mais importante do mundo civilizado: “Investir em sua busca é investir na qualidade de vida da sociedade”, destacou.
De acordo com o pesquisador, o investimento na pesquisa científica tem como principal objetivo o conhecimento de tudo que nos cerca. Roitman explicou que a segunda metade do século XX foi marcada pelo grande avanço na produção de novos conhecimentos e na introdução de novas tecnologias, que alteraram radicalmente os padrões estabelecidos até então, e resultaram em mudanças de amplitude global em todos os setores da sociedade.
“Nesse novo contexto, cresce cada vez mais a importância do papel da educação e da pesquisa científica e tecnológica para atender às necessidades e oportunidades que se apresentam a cada momento. Mas os instrumentos criados pelas novas tecnologias dependem essencialmente de recursos humanos capacitados para acessar informações e transformá-las em conhecimento e inovação”, atentou.
Conforme explicou Roitman, a educação científica desenvolve habilidades, define conceitos e conhecimentos estimulando a criança a observar, questionar, investigar e entender de maneira lógica os seres vivos, o meio em que vivem e os eventos do dia a dia. Além disso, estimula a curiosidade e imaginação e o entendimento do processo de construção do conhecimento.
Roitman destaca que ela também representa o primeiro degrau da formação de recursos humanos para as atividades de pesquisa científica e tecnológica. “Neste contexto deve-se deixar claro que as políticas públicas para área de ciência e tecnologia devem ser amplas, envolvendo não só a inovação, mas, fundamentalmente, o desenvolvimento das ciências, tendo ainda a educação científica, em todos os níveis, como prioritária”.
Eduardo Mortimer, da UFMG, apresentou um quadro geral da formação de professores no Brasil, do índice de qualidade dessa formação e problemas enfrentados pelos professores formados, como a falta de estímulo.
De acordo com o pesquisador, o Brasil, de um modo geral, está sim formando gente qualificada, mas falta um estímulo para fazer com que o professor sinta-se à vontade em sala de aula.