Para o nascimento dos filhos, os pais de Nathan Bessa Viana deslocavam-se para Belo Horizonte, onde havia melhor estrutura médica. Logo após o nascimento, voltavam para Virgolândia, no interior de Minas Gerais, onde Nathan passou a infância, com banho de ribeirão e tudo o mais a que se tem direito quando se vive no interior. Lá fez o ensino básico. “Sempre gostei de matemática. Foi marcante sobre mim a influência de meu pai, um autodidata apaixonado por matemática, e de um professor do ginásio, José Paulo”, rememora o membro afiliado da ABC, indicado em 2008.

Com 14 anos mudou-se definitivamente para Belo Horizonte para cursar o ensino médio. Estudou no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). “A escola técnica começou a definir o caminho para me tornar cientista. A formação era muito boa na parte de Ciências Exatas e eu gostava muito da parte técnica, mas não era exatamente o que eu queria”. O gosto pela matemática o levou para a Física. “Na verdade, quando fui fazer vestibular não tinha muita ideia de qual era a diferença entre o que um matemático e um físico faziam. Escolhi a Física pensando que teria mais possibilidades de atuação profissional”.

Em 1992 ingressou no curso de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Dessa época surge seu interesse pela ciência experimental, área muito forte no Departamento de Física da UFMG. “Comecei na iniciação cientifica no terceiro período e fiz iniciação em três projetos diferentes durante meu curso de graduação”, conta Nathan.

No mestrado continuou seu último projeto de iniciação científica, sua tese intitulada “Dinâmica de cristais líquidos” envolveu um estudo experimental da resposta ótica de cristais líquidos quando submetidos a campos elétricos, algo parecido com o que acontece num mostrador de um relógio digital.

Mas a grande virada mesmo aconteceu quando um de seus orientadores de iniciação científica, Oscar Mesquita, voltou entusiasmado de um ano sabático nos Estados Unidos. Após mudar sua área de atuação, Oscar iniciou na UFMG projetos com pinças óticas, ferramentas que permitem o aprisionamento e manipulação de objetos através de um laser, com amplas aplicações na Biologia. “E lá fui eu junto com ele navegar em águas desconhecidas”. Seu doutorado foi dedicado à construção de uma pinça ótica e ao desenvolvimento de aplicações para a mesma.

Nathan conta que ficou encantado e fascinado com os problemas de Biologia. Constatou que um dos principais desafios para a realização de um trabalho interdisciplinar é a linguagem e dedicou tempo e esforços na busca de estreitar contatos com biólogos. No final de 2003, com o intuito de consolidar uma interação iniciada ao fim de seu doutorado, mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar com os professores Paulo Américo Maia Neto e com o Acadêmico Herch Moysés Nussenzveig.

O trabalho era desenvolvido no Laboratório de Pinças Óticas (LPO) da Coordenação de Programas e Estudos Avançados da UFRJ (Copea-UFRJ), situado no prédio de Ciências da Saúde da universidade. Em 2005 foi aprovado no concurso para uma vaga de professor adjunto do Instituto de Física da UFRJ, para lecionar disciplinas de Física e desenvolver projetos relacionados ao LPO, onde continua desde então.

Para Nathan é um grande prazer trabalhar num laboratório multidisciplinar, que se propõe a integrar físicos, biólogos, matemáticos e engenheiros. “Das nossas reuniões participam pessoas com formações diversas, procuramos criar um ambiente em que as pessoas possam discutir os problemas e cada um, com sua formação específica, dar a sua contribuição, o seu olhar”, concluiu o físico.

Para Nathan, o ponto fundamental na ciência do século 21 é a comunicação. “Para mim é a palavra chave. A matemática é uma linguagem, assim como as línguas estrangeiras, a música e as expressões artísticas em geral. Um bom estudante, de qualquer área precisa ter uma boa formação em línguas, inclusive a Matemática e artes. Quanto melhores forem suas habilidades em comunicação, mais ele estará preparado para os desafios profissionais e de vida, que certamente encontrará em sua trajetória. Essas habilidades atuam como se fossem correspondentes à condição física do jogador de futebol”, acentuou o físico.

O que o motiva no trabalho de pesquisa é a curiosidade. “Vejo problemas com os quais estou lidando e quero entender o que está acontecendo ali. Sinto-me atraído pela possibilidade de encontrar algo que ainda não foi descoberto nem explorado. O universo humano é muito amplo, é muito vasto. Acho interessante a idéia de poder contribuir para ampliá-lo de alguma forma.”