Realizado no dia 4 de maio, o segundo simpósio da 5ª Conferência Regional de Jovens Cientistas da TWAS-Rolac (Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento – Escritório Regional para a América Latina e o Caribe) foi dedicado às Ciências Físicas.
Coordenado pelo Acadêmico Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, que é Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as palestras ocorreram na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Centro do Rio de Janeiro, durante a Reunião Magna 2009 da instituição.
Aragão destacou a importância do evento e enfatizou que através da união de cientistas mais jovens a ABC se mantém atualizada. “O reconhecimento da Academia representa um grande estímulo para os jovens das gerações mais recentes de pesquisadores e a conferência possibilita que a ABC entre em contato com pessoas que estão em posição de liderança em outros países da região”, acentua.
Em sua opinião, as palestras comprovaram a atuação dos pesquisadores na fronteira internacional do conhecimento. “O nível foi de altíssima qualidade. Além de abordar temas atuais, as apresentações foram compreensíveis e construíram um retrato bastante claro das diferentes atividades”, observou Aragão, que é membro da ABC e da TWAS.
Ganhador do prêmio Jovens Cientistas 2009 da TWAS-Rolac, na área de Ciências Físicas, Rodrigo Capaz concorda com o coordenador e afirma que a Reunião Magna confirmou a qualidade da ciência na América Latina em diversas áreas do conhecimento. “O caráter transversal e multidisciplinar do encontro oferece uma visão ampla da ciência”, acrescenta o pesquisador, que possui mestrado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutorado, na mesma área, pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Capaz apresentou sua pesquisa que tem como meta transformar o grafeno, uma camada do grafite, em nanotubos de carbono. “Assim como se faz com uma folha de papel, enrolamos o grafeno, que tem a espessura de um átomo de carbono, até compor um tubo. O produto final é 50 mil vezes mais fino que um fio de cabelo”, exemplifica o professor da UFRJ. De acordo com o cientista, os dois materiais têm fortes propriedades eletrônicas e são potenciais sucessores do silício, utilizado em dispositivos fotoelétricos, transistores, chips e outros componentes eletrônicos.

Os benefícios dos instrumentos quantum dots foi outro foco da palestra. “Compostos por nanopartículas fluorescentes de semicondutores, eles são utilizados como marcadores de células e tecidos. É uma ferramenta superior ao corante quando empregada na microscopia de fluorescência, pelo fato de não sofrer fotodegradação”, esclareceu Adriana.
Formada em Física, com mestrado, doutorado e pós na mesma área pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a professora defende que um dos pontos fortes do encontro é permitir que os cientistas entrem em contato com uma variedade de campos do conhecimento. “O evento é essencial porque contribui para o amadurecimento profissional”, assegura Adriana, que foi agraciada com o Prêmio Grant L`Oréal para as Mulheres na Ciência 2008, no campo das Ciências Físicas, da L`Oréal Brasil, ABC e Unesco.

Professor da UFRGS e membro afiliado da ABC desde 2007, o pesquisador afirma que existem inúmeros grupos de cientistas que se dedicam a essa mesma questão. “É um problema complexo que permite muitas abordagens diferentes. Existem variadas técnicas e cada profissional tem uma especialidade. É realmente um caso de esforço coletivo”, observa. Para tornar o produto acessível a todos no mercado, Krug afirma que a interação com a indústria é indispensável. “Esse intercâmbio acontece naturalmente na área. É uma troca positiva que deve continuar”, acentua.
Segundo o físico, um dos objetivos primordiais da conferência está de acordo com um dos princípios básicos da ABC: possibilitar o diálogo entre os múltiplos campos científicos. “Ficaram para trás aqueles problemas científicos suficientemente simples para serem resolvidos por uma pessoa ou uma disciplina”, ressalta. Para ele, “A formação atual, que é muito especializada, não está totalmente correta. Para ser um bom profissional é necessário conhecer e apreciar outras áreas da ciência”, conclui.

Em relação à homenagem da Reunião Magna a Galileu e Darwin através do tema Luzes da ciência sobre onde estamos e o que somos, Reily apreciou a iniciativa e afirmou que os dois foram fundamentais para a instituição do conhecimento. “Eles sintetizam a representação científica contemporânea. Galileu introduziu as idéias de método científico e experimentação, enquanto Darwin formulou o conceito atual da genética e da biologia”, apontou.
Focado na área de Simulações Computacionais, o trabalho do cientista possui aplicações em Nanociência e, assim como a pesquisa de Capaz, tem como objeto de análise o grafeno. De acordo com o físico, o estudo propõe a realização de um novo procedimento que irá transformar o paradigma das atividades científicas no campo da Eletrônica tradicional, através da proposta de utilizar o spin ao invés da carga do elétron. “É uma mudança completa. Todo o armazenamento de dados, feito a partir do magnetismo, seria integrado à parte de eletrônica em um mesmo dispositivo”, ressalta.

Além da integração de áreas distintas, como destacou Krug, Raposo considera a união de profissionais de diferentes gerações outra importante qualidade do workshop. “Os pesquisadores jovens podem conversar e trocar idéias com os Membros Titulares da Academia, que são pesquisadores consagrados. Isso é fantástico”, acrescentou o pesquisador, que concluiu o mestrado e o doutorado no campo de Física da Matéria Condensada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e realizou o pós-doutorado na mesma área, na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.