O novo Membro Titular da ABC a ser empossado em maio deste ano, Carlos Alfredo Joly, Professor Titular do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi reconduzido à função de coordenador do Programa Biota-Fapesp, cargo que ocupou entre 1999 e 2004.
Desde sua criação em 1999, o Biota-Fapesp permitiu a descrição de mais de 500 espécies de plantas e animais espalhados pelos 250 mil quilômetros quadrados do território paulista, produziu 75 projetos de pesquisa, 150 mestrados e 90 doutorados, além de gerar 500 artigos em 170 periódicos, 16 livros e dois atlas. De acordo com Joly, o programa, que completa uma década este ano, entrou em um período de transição para a sua segunda fase. Até dezembro deverão ser definidas as estratégias, metas e objetivos para os próximos dez anos.
Joly, que foi um dos principais mentores do Biota-Fapesp, anunciou que a nova equipe de coordenação já começou a atuar: foi decidido que o programa terá mudanças nas formas de submissão de projetos e foi anunciada a assinatura de um memorando de entendimento com a Unicamp.
“Depois da reunião de avaliação do programa, realizada em junho de 2008, o Biota-Fapesp entrou em uma etapa de planejamento de sua segunda fase. Como o programa consiste em uma articulação ativa da comunidade científica, ao longo de 2009 vamos promover várias discussões com pesquisadores para traçar, até o fim do ano, uma proposta de atuação para a próxima década”, disse Joly.
Segundo ele, alguns dos principais desafios para o Biota na próxima década são a internacionalização, o aumento do número de publicações em revistas de impacto e a intensificação do esforço para transformar em produtos os resultados da bioprospecção, por meio de uma aproximação maior da Rede Biota de Bioprospecção e Ensaios (BIOprospecTA) com a área de farmacologia e com empresas.
“Queremos também ampliar o espectro de pesquisadores ligados ao programa, dando ênfase a áreas como biologia molecular e à mitigação dos impactos causados pela agricultura na biodiversidade. Isso será feito sem deixar de lado as áreas tradicionais do Biota, como os inventários e as coleções biológicas”, disse.
Outra prioridade será a aproximação com outros programas da Fapesp, como o de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e o de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). “Estamos planejando uma discussão conjunta entre os três programas para identificar as as sobreposições e estimular a integração de projetos”, disse.
Joly substitui Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), que optou por deixar a função.
“Gostaria de destacar o excelente trabalho do professor Ricardo Rodrigues, na coordenação do programa, especialmente no que diz respeito à aproximação com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que proporcionou a aplicação dos dados e mapas do Biota na preservação da biodiversidade em São Paulo “, destacou.
Segundo Joly todos os demais membros da nova coordenação do programa são – ou foram – líderes de Projetos Temáticos da Fapesp no âmbito do Biota. “Achamos importante que tivessem intimidade com o programa. Além disso, todos atuam em áreas nas quais queremos dar ênfase”, disse.
Os novos membros são os professores Célio Haddad, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, Luciano Martins Verdade, da Esalq (USP), Mariana Oliveira, do Instituto de Biociências da USP, e Vanderlan da Silva Bolzani, do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que permanece também na coordenação da rede BIOprospecTA.
Mudanças nos procedimentos
Uma das mudanças nos procedimentos para submissão de projetos, segundo Joly, é que a etapa de pré-proposta será suprimida. Os pesquisadores deverão apresentar os projetos já completos à coordenação.
“Vamos eliminar essa etapa com o objetivo de agilizar o andamento dos processos. Estamos discutindo como será o texto das exigências para o enquadramento no projeto e definindo as normas”, explicou.
Outra modificação é que o Biota deverá passar a fazer chamadas para áreas geográficas ou temáticas específicas. “As chamadas são um instrumento importante para preencher lacunas do programa, direcionando a demanda de participação de determinadas áreas”, disse.
Com as chamadas será possível, por exemplo, estimular projetos com foco em inventários de fauna e flora em regiões específicas. “Quando foi feito o levantamento de áreas prioritárias para a conservação no Estado de São Paulo, um dos mapas apontava para algumas bacias pouco estudadas. Por falta de informação biológica, não podíamos apontá-las como prioritárias. Com as chamadas, poderemos focar em inventários para essas áreas, preenchendo lacunas”, ressaltou.
Institucionalização em andamento
Além das mudanças operacionais, Joly anunciou que será assinado um memorando de entendimento entre a Fapesp e a Unicamp, segundo o qual a universidade dará uma contrapartida de estrutura e pessoal para sediar, desenvolver e administrar os bancos de dados do Biota.
Segundo Joly, a cooperação funcionará em moldes similares aos dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp. “O acordo é um desdobramento da iniciativa de institucionalização do Biota. Dessa maneira, uma vez que as pesquisas feitas no âmbito do programa são consolidadas no desenvolvimento de uma série de ferramentas, a universidade assume a parte operacional, administrativa e de manutenção, enquanto a parte de pesquisa continuará sendo financiada pela Fapesp”, explicou.
Em agosto de 2007, as três universidades estaduais paulistas assinaram com a Fapesp um acordo de cooperação acadêmica para a institucionalização do programa. O convênio estabeleceu que as universidades passarão a fazer a manutenção dos sistemas de informação ambiental criados pelo Biota-Fapesp, dando ao programa um caráter permanente.
Um “grau especial de apoio institucional” é essencial para o desenvolvimento de programas como o Biota, segundo Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. “O memorando garante isso, criando uma infraestrutura fundamental para todos os projetos do programa, sejam eles de pesquisadores da Unicamp ou de outras instituições”, destacou.
Pelos termos do acordo, a Unicamp disponibilizará dependências para a sede administrativa do Biota e espaço para reuniões e palestras e workshops. A universidade fornecerá também ao programa um gerente executivo – com apoio administrativo -, um gerente de informática e um editor para a revista Biota Neotropica, que também auxiliará os pesquisadores ligados ao programa na preparação de artigos em inglês.
A universidade garantirá também apoio em questões de propriedade intelectual, por meio da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), sediará e fornecerá apoio técnico e administrativo para o Sistema de Informação do Programa Biota-Fapesp (SinBiota).auxílio médio anual de US$ 2,5 milhões feito pela Fapesp.