O segundo simpósio da 4ª Conferência Regional para Jovens Cientistas da TWAS – ROLAC (The Academy of Sciences for the Developing World – Regional Office for Latin América and the Carribean), voltado para as Ciências Exatas, foi apresentado no dia 3/12, durante o evento Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe.
Na ocasião, apresentaram seus trabalhos os pesquisadores Stephen Walborn, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Andres Folguera, professor da Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina; Lorena Olmedo, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Equador; e Manuel Schilling, do Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) do Chile.
Medição direta do emaranhamento de um estado quântico

Pesquisas sobre a dinâmica da cordilheira dos Andes

Folguera estuda a dinâmica da cordilheira dos Andes – como, porquê e quando ocorre o levantamento e o colapso das montanhas. De acordo com ele, as pesquisas sobre risco geológico, como avalanches e vulcões, são bem financiadas.
“Existe uma tendência a favorecer tudo o que está relacionado com o ambiente e com catástrofes, mas os trabalhos teóricos recebem menos recursos porque não provocam um impacto direto sobre a vida humana. Investir pouco na teoria é um problema político da Argentina e, pessoalmente, não tenho muitas esperanças na nossa administração atual”, lamentou.
Segundo o pesquisador, a conferência é uma importante oportunidade para comparar o nível das pesquisas realizadas no Brasil e na Argentina. “Esta é uma análise essencial, porque os dois países possuem políticas científicas muito distintas. Enquanto a Argentina investe apenas 0,1% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na ciência e tecnologia, o Brasil destina em torno de 1% para o mesmo fim. Não é pouca diferença, uma vez que este produto é per capita e o Brasil é enorme!”, argumentou Folguera.
Em seu ponto de vista, o intercâmbio de informações entre o Chile e a Argentina é fundamental, pelo fato dos dois países compartilharem os Andes. Ele também valoriza a cooperação científica e econômica com o Brasil. “O Brasil conquistou um elevado desenvolvimento em métodos de laboratórios, através da qualidade da infra-estrutura e do conhecimento relacionado a procedimentos, métodos e técnicas”, avaliou.
Reatividade em Química Orgânica

Segundo Lorena, participar da conferência possibilita compreender a essência do trabalho dos outros pesquisadores. “Na ciência, a divulgação de informação é muito limitada. Esses eventos generalizam o conhecimento que, antes, era restrito às revistas especializadas”.
A cientista atribui o baixo nível das pesquisas realizadas nos países do mundo em desenvolvimento à falta de cooperação científica e à pouca quantidade de financiamento. Em seu ponto de vista, a conferência possibilitou uma valiosa troca de informações e idéias. “Para os jovens cientistas, as sugestões dos pesquisadores mais experientes e o intercâmbio de opiniões são fundamentais para o progresso das pesquisas”, garante.
Medição do tempo dos processos ocorridos nas rochas

Schilling participa ativamente do Comitê Nacional do Chile para o Ano Internacional do Planeta Terra, promovido pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS, na sigla em inglês). A comissão tem como meta garantir um futuro mais seguro, saudável e rico para as sociedades humanas, através de um uso mais efetivo do conhecimento acumulado pelos profissionais das Ciências da Terra.
O pesquisador considera a conferência uma importante oportunidade para observar e aprender sobre a qualidade da ciência promovida na América Latina. “Conhecer o trabalho realizado pelos países vizinhos, fazer contato com pessoas que produzem pesquisas parecidas e formar parcerias para projetos são os benefícios de participar deste evento”, acrescenta.
De acordo com o cientista, a cooperação científica é primordial para os países que estão em desenvolvimento e investem um percentual pequeno do seu PIB em pesquisas. “Esta interação é fundamental para que o desenvolvimento da ciência alcance um resultado mais rico e seja aplicado de acordo com a necessidade de cada país”, finaliza.