O neurocientista e Acadêmico Miguel Nicolelis, um dos cientistas brasileiros de maior prestígio na atualidade, presidirá uma comissão de estudos no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com o objetivo de traçar os rumos da ciência e inovação no País a longo prazo. O convite foi feito pelo ministro Aloizio Mercadante, criticado por Nicolelis em recente entrevista ao Estado de S.Paulo. “Não fica bem para a ciência brasileira um ministério tão importante virar prêmio de consolação para quem perdeu a eleição”, afirmou, referindo-se à indicação de Mercadante para a pasta. Polêmico, Nicolelis havia criticado também a falta de interlocução com o governo. “Em oito anos, nunca fui chamado para dar uma opinião no ministério”, disse, fazendo referência ao governo Lula.

A Comissão do Futuro, como será conhecida sua comissão no MCT, será formada por cientistas, educadores, filósofos e nomes de relevância mundial nos campos da ciência e do pensamento. “Neste momento, estou convidando as pessoas para compor a comissão. Faremos um relatório que será apresentado ao governo. Mas o objetivo da comissão será pensar e propor caminhos, metas e diretrizes de longo prazo para a ciência. Será algo inédito na história científica do Brasil”, disse Nicolelis, por telefone.

O neurocientista é professor da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA). Os detalhes sobre o trabalho da comissão, bem como o nome de seus membros, serão divulgados até o final do mês, quando o neurocientista se reunirá com o ministro Mercadante em Natal (RN).

Outra atribuição do trabalho de Nicolelis na comissão será sugerir meios para massificar o conhecimento de ponta no País, com ampliação do acesso à formação científica. Ele defende a criação de polos de ciência em regiões com baixo desenvolvimento humano.

Investimentos

No dia 14, o ministro Mercadante visitou os laboratórios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em São Paulo e anunciou apoio do governo ao projeto de construção de uma unidade de gaseificação de biomassa de cana-de-açúcar em Piracicaba (SP). O projeto, orçado em R$ 80 milhões – R$ 54 milhões virão do governo -, utilizará biomassa para produzir energia elétrica, etanol de celulose e produtos químicos, que podem ser usados até para produção de plástico. “É um projeto baseado na economia verde e deverá ser apresentado na conferência Rio+20, em 2012”, disse Mercadante.