pt_BR
Ciências Biológicas | MEMBRO ASSOCIADO

Rudolf Louis Hausmann

(HAUSMANN, R.)

25/08/1929
Brasileira
17/12/1963
06/05/2022

Nascido em Barcelona, de pai suiço e mãe espanhola, lá morou apenas até o segundo ano de vida, quando a família tomou residência na Suiça, onde foi criado até os 16 anos. Depois da Segunda Guerra, seu pai, químico de uma empresa farmacêutica suiça, assinou contrato de três anos para trabalhar na filial da empresa, no Rio de Janeiro, de forma que a família, com quatro filhos, ele o mais velho, se translocou para o Brasil. Depois de inúmeras renovações de contrato, a estadia no Brasil se tornou definitiva para toda a família, ele sendo a única exceção (veja mais adiante). Deixando os detalhes do choque cultural do adolescente de lado, o mais importante dos primeiros anos no Brasil foi o estudo para os exames de adaptação (História e Geografia do Brasil, Português e Espanhol) o que lhe permitiu concluir o curso científico no Colégio Santo Inácio do Rio. Fez vestibular em 1949 e em 1955 concluiu o curso de Medicina da Faculdade Nacional de Medicina, naquele tempo no histórico prédio da Praia Vermelha (derrubado por uma decisão que ainda hoje parece incompreensível). Uma experiência-chave no tempo de estudante foi o primeiro contato com a pesquisa, no Instituto de Biofísica, sob a orientação do professor Carlos Chagas Filho e seus colaboradores. Era a prova real de que já naquela época era possível, no Brasil, fazer pesquisa de qualidade internacionalmente reconhecida. Foi através de um cientista visitante, Carsten Bresch, que passou um ano na Biofísica, que começou a ver o mundo deslumbrante da genética de bacteriófagos. O Carsten também contava umas histórias incríveis, de como o DNA, até então considerado uma substância de função desconhecida mas provavelmente pouco interessante, era, em realidade, a substância-chave da hereditariedade, como provava o modelo de Watson e Crick, de quem, ao que se saiba, ninguem tinha ouvido falar no Brasil, naquela época. A convite de Carsten Bresch passou dois anos na Alemanha, na Universidade de Colônia, aprofundando-se na genética dos fagos. De volta ao Brasil, não foi fácil decidir o futuro a seguir. Tentou o exercício prático da Medicina, em Blumenau, Santa Catarina, mas não durou um ano e chegou à conclusão que os votos de pobreza, que o pesquisador fazia naquela época, não só no Brasil, como no mundo inteiro, eram um preço razoável pelo privilégio de estar na fonte do saber científico. Assim voltou à pesquisa, desta vez no Instituto de Microbiologia na Faculdade de Medicina do Rio, continuando com a genética dos fagos, por alguns anos. Foi naquela época que durante um bom tempo, toda a 2ª feira de manhã, pegava um DC-3 da Varig para dar aulas de Microbiologia Médica na recém-fundada Escola de Medicina de Vitória, Espírito Santo, para voltar para o Rio com o mesmo avião, de noite. Em janeiro de 1964 foi, como bolsista da Rockefeller Foundation, passar um ano em New York, no Albert Einstein College of Medicine, com Jerry Hurwitz. Era o novo mistério: a recém-descoberta metilação do DNA; qual era o mecanismo, qual era a função? Depois de poucos meses, no entanto, começaram a chegar notícias alarmantes a respeito de colegas no Brasil; se só a metade do que se contava fosse verdade, era motivo de querer prolongar a estadia no estrangeiro por mais uns tempos… Foi o que aconteceu: aceitou uma oferta do Southwest Center of Advanced Studies, em Dallas (hoje University of Texas), depois, em 1968, na Universidade de Freiburg, na Alemanha, para onde mudou, recém-casado com Celma, uma bióloga brasileira, garota de Ipanema… Hoje, com dois filhos adultos, estão radicados na Alemanha, sempre com saudades do Brasil. Agora, recém-aposentado, está a procura de novos horizontes, quem sabe, talvez no Brasil…