Em tempos de crise e cortes orçamentários, uma boa notícia. A Finep lança hoje, 11 de julho, um pacote de editais voltados para o financiamento de infraestrutura de pesquisa em universidades e institutos de ciência e tecnologia, no valor de R$ 280 milhões. São as primeiras chamadas do fundo setorial de infraestrutura (CT-Infra) em quatro anos — o que vem fazendo uma falta danada para a comunidade científica nacional.

As últimas chamadas do CT-Infra — que costumavam ser anuais, constituindo um dos principais pilares de sustentação da ciência brasileira — foram feitas em 2014, no valor de R$ 500 milhões (R$ 400 milhões da Chamada Pública Proinfra 02/2014 + R$ 100 milhões da Carta Convite 01/2014), e cerca de metade desse valor ainda não foi contratado, por falta de recursos. O resultado foi uma estagnação e deterioração progressiva do infraestrutura básica de pesquisa (prédios, laboratórios) e do parque tecnológico (equipamentos) da ciência nacional nesse período.

“Passamos por momentos difíceis, mas conseguimos dar um fôlego esse ano para pagar o que resta de 2014 e lançar esses novos editais”, disse ao Estado o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep, Wanderley de Souza [membro titular da ABC]. “Nossa expectativa é de uma demanda gigantesca.”

São quatro chamadas no total. A maior delas, no valor de R$ 110 milhões, é para o financiamento de infraestrutura de pesquisa em áreas temáticas estratégicas, como biotecnologia, ciências biomédicas e nanotecnologia. Outra é para a manutenção de biotérios e coleções biológicas já existentes, no valor de R$ 70 milhões. As outras duas, de R$ 20 milhões cada, são voltadas para a consolidação da infraestrutura científica de novas universidades ou campus regionais, e para a finalização de obras iniciadas com recursos de editais anteriores.

“Fizemos visitas a universidades e institutos de pesquisa em todo o país e encontramos muitos equipamentos parados, sem manutenção, e obras inacabadas”, conta Souza. “Precisamos ampliar nosso parque científico, mas também manter bem aquilo que já existe.”

A demanda por esses novos editais, segundo ele, servirá como parâmetro para mensurar o tamanho da demanda reprimida por recursos da ciência brasileira, em função desses quatro anos de cortes orçamentários e contingenciamentos impostos pelo governo federal. Ele reconhece de imediato que R$ 280 milhões não são suficientes para recuperar o atraso, mas é um início. O valor só não é maior porque ainda há R$ 200 milhões a serem pagos dos editais de 2014 — que estão sendo contratados agora pela Finep.

“Esperamos que 2019 será um ano melhor do que os anteriores”, apesar das limitações, aposta Souza.