O ex-afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Daniel Martins-de-Souza foi agraciado com o 2023 Basic Research Award da Sociedade Internacional de Pesquisa em Esquizofrenia (Sirs, da sigla em inglês). Daniel é Professor Associado de Bioquímica da Unicamp e trabalha principalmente com análise proteômica aplicada a modelos clínicos e pré-clínicos associados a distúrbios psiquiátricos.

“Apesar dos desafios que a comunidade científica enfrenta no Brasil. Daniel se destacou como membro de sociedades e academias nacionais, coordenando de agências nacionais de financiamento e, o que é mais importante, fazendo grande ciência e inspirando uma nova geração de estudantes e bolsistas brasileiros”, afirmou Cheryl Corcoran, vice-presidente do comitê de seleção para o prêmio.

Já David Cotter, outro membro do comitê, disse que “A contribuição de Daniel na área pode ser verificada em grande parte de seus quase 150 artigos publicados em periódicos indexados e revisados ​​por pares. Daniel é um pesquisador altamente respeitado pela comunidade proteômica mundial e está muito bem conectado com cientistas na área e também com médicos psiquiatras, com quem tem colaborações extremamente frutíferas”.

Daniel Martins-de-Souza

Confira as palavras de Daniel Martins-de-Souza sobre a premiação:

“Fiquei emocionado e sem palavras quando li o e-mail que me indicava para este prêmio. E depois de olhar para os receptores anteriores, senti-me humildemente orgulhoso. A comunidade científica brasileira sempre enfrentou desafios. Relativamente a subsídios, falta de consumíveis nacionais, entre outros. Esses desafios foram fortalecidos nos últimos quatro anos, dado o governo negacionista que tivemos. Esses fatos têm me deixado cansada e a cada dia um pouco mais sem esperança. Sempre que precisamos de um anticorpo simples para um experimento em laboratório, precisamos esperar quatro meses para obtê-lo. Sempre que o presidente brasileiro simplesmente abria a boca nos últimos quatro anos, o valor de câmbio da nossa moeda diminuía e assim tínhamos menos dinheiro para investir em ciência. E este é um testemunho de um cientista relativamente bem financiado, que tem ótimos colegas no departamento e ótimos alunos e pós-doutorandos. Imagino (e vejo!) que meus menos afortunados colegas brasileiros sofrem muito mais.

Ter sido premiado pela Sirs me deu uma nova perspectiva. Renovou minhas energias. Ainda que nós, brasileiros, nos encontremos em desvantagem em relação àqueles colegas brilhantes que já receberam este mesmo prêmio anteriormente, estar agora entre eles me dá forças. Isso me mostra que estamos trilhando um bom caminho e que devemos continuar. O Brasil é um país maravilhoso, com pessoas maravilhosas e com muito potencial! Foi por isso que desisti de uma carreira no exterior e voltei para minha terra natal: para formar novos cientistas, ajudá-los a construir uma rede internacional e continuar contribuindo para o campo científico em que estou trabalhando. Obrigado SIRS e seus representantes por me dar o poder para seguir em frente.”

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