Escolher uma carreira na adolescência é um desafio, especialmente no Brasil, onde muitos jovens nem imaginam a quantidade de caminhos profissionais que a pesquisa acadêmica pode proporcionar até entrarem na universidade. É o caso da mineira , nova afiliada da Academia Brasileira de Ciências, que descobriu durante o curso de engenharia química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sua vocação para a ciência.

Ela ainda era recém-nascida, em Belo Horizonte, quando seus pais se mudaram para Divinópolis, a 120 quilômetros da capital mineira. Foi lá que Miriam passou a infância, entre brincadeiras ao ar livre e uma agenda cheia de atividades complementares à escola: balé, música e vôlei foram algumas das aulas que ela experimentou enquanto crescia.

O gosto pelo ensino surgiu cedo e Miriam conciliou o ensino médio com aulas de reforço para crianças – que ela fazia questão de ministrar. A sala de aula a fazia feliz, mas não foi sua primeira opção na hora do vestibular. “Quando decidi fazer o curso de engenharia química tinha inicialmente o plano de trabalhar em uma grande indústria”, conta, “mas durante a graduação vi que a academia era meu lugar”. E era mesmo!

A vida na universidade conciliava várias atividades que adorava: ensinar, descobrir e criar inovações para a indústria. Tudo se misturava no mesmo ambiente, que ela aproveitou ao máximo desde o início. Fez iniciação científica durante todo o curso, testando diferentes temáticas até descobrir aquela com a qual mais se identificava. E foi no oitavo período, já no fim da faculdade, que se encontrou na área ambiental.

Após terminar o curso – no qual formou-se em primeiro lugar da turma e ganhou medalha de ouro – Miriam Amaral fez pós-graduação em saneamento básico e recursos hídricos, também na UFMG. Foi nessa época que começou a estudar métodos de filtração de água a partir de estruturas membranosas, tema no qual se especializou e continua pesquisando, agora como professora associada do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia da UFMG. “Pesquiso soluções para o fornecimento de água, seja através do tratamento de efluentes industriais, de forma a ser reutilizada, ou no tratamento avançado para abastecimento das residências. Para tal, trabalho principalmente com o uso de diferentes processos de separação por membranas, convertendo efluentes de baixa qualidade em água segura para ser consumida”, explicou Miriam.

Para a pesquisadora, a capacidade de fazer a diferença na sociedade é o que a encanta na ciência. “Na área ambiental existem diversos problemas esperando por soluções. São desafios a serem encarados, descobertas a serem feitas e a possibilidade de beneficiar a vida de muita gente”, avalia.“Para mim, ser nomeada para a ABC é uma alegria e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade perante a ciência brasileira”.

Nas horas vagas, Miriam é uma ávida consumidora de cultura, seja viajando pelo mundo, lendo bons livros ou escutando suas músicas preferidas. Ela tem ainda um hobby particular, ao qual gostaria de poder dedicar mais tempo: o piano.