Nascido em 1981, na cidade de Campinas (SP), Carlos Eduardo Ganade de Araujo passou a juventude entre a cidade natal e Niteroi (RJ), onde viveu cercado da natureza e de lugares abertos e fazia muitas trilhas de bicicleta. Ele pensa que entre os motivos para escolher a carreira está a curiosidade por entender os processos da natureza. Isso, combinado com a vontade de trabalhar a céu aberto, foram essenciais para a escolha da geologia.

Antes de escolher o curso pelo qual se apaixonou, Ganade conta chegou a cursar economia por alguns meses –  mas acabou abandonando por falta de identificação. Quando foi aprovado para geologia na Unicamp, em 2006, seguir a carreira acadêmica não estava nos planos de Ganade. O interesse surgiu gradativamente e seus professores foram os maiores influenciadores. “A graduação na Unicamp foi o melhor período para o meu desenvolvimento intelectual e profissional”, conta o cientista.

Ao concluir o curso, foi trabalhar com mapeamento geológico no Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) na região Nordeste. “Neste período, a cartografia de rochas ajudou a desenvolver o conceito multidisciplinar necessário para entender a formação e evolução dos continentes. Logo percebi que seria necessário um maior aprofundamento e então decidi fazer o doutorado direto na USP [Universidade de São Paulo]”, relatou.

Entre 2010 e 2014, Ganade cursou o doutorado em geociências pela USP. Cinco anos depois, viajou para Suíça, onde fez estágio de pós-doutorado na Universidade de Bern. Durante seus tempos de estudo, o cientista teve a oportunidade estudar e morar em outros países, como EUA, França e Austrália. Essa vivência internacional o aproximou de instituições e pesquisadores de ponta, com os quais colabora até hoje.

Para Ganade, a ciência é uma área fascinante – e o que mais o encanta é a relação de ação e reação. “Na geologia, as relações de causa e efeito são complexas e interligadas em diferentes escalas. Por exemplo, uma simples observação sobre um mineral visto ao microscópio pode ter efeito na velocidade de uma placa tectônica.” Atualmente, sua pesquisa é direcionada para a evolução geológica dos continentes. Ele “lê” nas rochas o registro da evolução da Terra desde sua origem, há quase de quatro bilhões de anos atrás, até os dias de hoje. Sobre a importância de sua pesquisa para a sociedade, Ganade explica: “O conhecimento geológico e a organização de seus eventos ao longo do tempo têm implicação direta no avanço tecnológico da sociedade, pois é das rochas e dos processos geológicos que tiramos todos os recursos necessários para viver.” Atuando como pesquisador na SGB desde 2007, o cientista já ocupou o cargo de chefe da Divisão de Geodinâmica (2015-2017) e atualmente é pesquisador do Centro de Desenvolvimento (Cedes).

“É uma honra fazer parte da ABC, fiquei muito feliz com o título. Primeiramente, tenho que me aproximar mais e entender o papel da Academia na ciência brasileira”, comenta Ganade. Durante os quatro anos como afiliado, ele demonstra entusiasmo com a possibilidade de contribuir trazendo a geologia para dentro da ABC de uma forma interligada com as outras ciências.

Fora dos laboratórios, Carlos Ganade vive um dia de cada vez, ao lado de sua família. Tem paixão por música e diz que dificilmente escuta algo que não tenha pelo menos 30 anos. No tempo livre, gosta de explorar lugares abertos, como o campo e as montanhas.