Confira trechos da entrevista com o Acadêmico Paulo Saldiva, publicada pelo portal O Eco:

 

Além dos riscos diretos à saúde trazidos pelas mudanças no clima, como aumento do número de mortes em eventos climáticos extremos, o continente americano pode esperar uma escalada na quantidade de acometidos por doenças renais, cardíacas, cardiovasculares, por pneumonia, diabetes e câncer de pulmão. Também são esperados mais casos de doenças neurocomportamentais, como depressão, ansiedade, hiperatividade e déficit de atenção, entre outras.

Esse cenário nada animador é descrito em um estudo sobre mudanças climáticas e saúde nas Américas, lançado na última semana pela Rede InterAmericana de Academias de Ciência (IANAS).

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“Todas as doenças transmitidas por vetores, dengue, chikungunya, estão aumentando porque chove muito, tem ondas de calor, a eclosão dos ovos fica mais eficiente e vetores que só existiam em regiões tropicais e subtropicais começam a atingir as regiões temperadas”,  explicou a ((o))eco o professor de medicina da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva. O pesquisador, que é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), colaborou com a produção do estudo da IANAS.

Segundo o documento, se conseguirmos limitar o aumento da temperatura em 2°C, será possível evitar 2,8 milhões de novos casos de dengue na América Latina por ano. Se os esforços conseguirem manter o aumento em 1,5°C, 3,3 milhões de casos da doença serão evitados todos os anos até o final do século.

A poluição ambiental, responsável direta pelo agravamento das mudanças no clima, já provoca cerca de 7 milhões de mortes no mundo todos os anos, sendo 206 mil no continente americano, segundo estimativas conservadoras. No Brasil, o número estimado de mortes causadas pela poluição do ar chega a 150 mil por ano.

“O que tentamos fazer foi uma ponte mais evidente entre a saúde humana e as alterações climáticas. Procuramos mostrar que os impactos já são sentidos na saúde de forma bastante nítida e vão se acentuar”, explicou o médico da USP. 

“A principal mensagem do estudo é que o custo de abater as emissões é muito menor do que se elas forem mantidas nos níveis que estão. Na verdade, o corte de poluentes traz lucros. Não existe nenhuma justificativa moral [para manter emissões nos patamares atuais] porque você está induzindo o sofrimento dos segmentos mais pobres da população, e ao menos tempo está perdendo dinheiro”, diz.

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“No fundo, o que estamos propondo é que não somos diferentes das espécies que já são ameaçadas pelas mudanças climáticas”, finaliza Saldiva.

Leia a entrevista completa.