Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria chegou à sua 9ª edição em 2022, ocorrendo de forma híbrida nos dias 9 e 10/3. O Congresso reuniu convidados no World Trade Center, em São Paulo, e pela primeira vez hospedou uma plataforma virtual com capacidade para mais de 15 mil acessos simultâneos. 

Ao longo desses dois dias, 77 palestrantes debateram as tendências da inovação no Brasil e no mundo, incluindo Luiz Davidovich, presidente da ABC, e Vanderlei Bagnato, membro titular da ABC. Ambos os participantes marcaram presença no segundo dia do evento, nas sessões “Computação quântica: impactos no mercado” e “CNPq: Da pesquisa à inovação” respectivamente. No centro das questões, figuravam pautas como: Quais são os caminhos para um Brasil mais inovador? Quais as tendências para o futuro da saúde, do trabalho, alimentação e produção de energia?

Computação quântica: impactos no mercado

A primeira sessão do dia contou com a presença de Luiz Davidovich, presidente da ABC; Bruno Flach, diretor da IBM Research Brasil; e Peter Smith, pró-vice-chanceler para Projetos Internacionais da Universidade de Southampton.

Luiz Davidovich realizou a abertura do painel, destacando que o Brasil investe muito pouco em computação quântica. Como exemplo, o físico mencionou os Estados Unidos, onde, segundo ele, o governo estima investir 1,2 bilhão de dólares nos próximos 5 anos. Já na China, Davidovich menciona que os investimentos chegarão à casa dos 10 bilhões de dólares. “O que estamos fazendo hoje é ter um olhar para o futuro. Precisamos dar atenção a esse tema enquanto dá tempo. A grande vantagem que temos no Brasil é o capital humano, mas os investimentos ainda são muito baixos. Precisamos de indústrias, startups e capital-anjo que promovam a computação quântica”, disse.

Bruno Flach afirmou que a computação quântica é o caminho para a indústria brasileira se desenvolver e acompanhar o mercado internacional, que, segundo ele, está bem a frente do nosso país. Flach pontuou: “Estamos na porta de uma revolução quântica, que é algo que vai impactar a humanidade em nosso dia a dia. Empresas e indústrias vão ser transformadas. Precisamos fazer parte disso desde o início, é preciso com urgência investir no desenvolvimento do ecossistema de inovação.”

Peter Smith notou que o mundo vive uma revolução tecnológica que será enormemente impactada pela computação quântica. Ele detalhou que os computadores eram bem diferentes na década de 1980, baseados em fitas de papel e válvulas eletrônicas. “A gente precisa de pessoas experimentando, criando aplicativos e aplicando para a indústria”, sugeriu. “Os países estão apostando pesado. Esse é um momento fundamental para os países entenderem qual será o seu papel no mundo globalizado”.

CNPq: Da pesquisa à inovação

A sessão “CNPq: Da pesquisa à inovação” contou com participação da diretora de cooperação institucional do CNPq, Profª Maria Zaira Turchi; e membro titular da ABC, Vanderlei Bagnato.

Turchi apresentou ações do CNPq que fomentam a colaboração entre academia e setor privado, financiando bolsas e projetos de pesquisa com aplicações industriais. A fala também destacou o papel dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) como polos de geração de conhecimento em constante diálogo com as empresas.

Para aprofundar mais o tema dos INCTs, foi convidado o Acadêmico Vanderlei Bagnato, coordenador do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF/USP), que integra o INCT de Óptica Básica e Aplicada às Ciências da Vida. Bagnato destacou algumas das inovações desenvolvidas no Instituto que já são aplicadas clinicamente, e defendeu o papel do Estado no financiamento da pesquisa. “Não é coincidência que os maiores institutos em inovação são também os maiores em ciência”, provocou.