Mais de 100 pessoas compareceram na tarde de 3 de março ao Átrio do Palácio Universitário da UFRJ, na Praia Vermelha, para se despedir do Professor Titular da UFRJ e ex-diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa. O velório contou com a presença da reitora da UFRJ, a professora Denise Pires; do diretor e ex-diretores da Coppe, os professores Romildo Toledo, Nelson Maculan, Luiz Bevilacqua e Edson Watanabe; políticos, estudantes, amigos e familiares.

Em seu discurso de despedida, o diretor da Coppe [e Acadêmico], Romildo Toledo, ressaltou a dedicação do professor Pinguelli à administração da Coppe e sua luta para trazer políticas públicas para que a Ciência e a Tecnologia avançassem no país.

“Ele foi uma pessoa especial e de grande importância para a instituição, ao longo da sua história. Consolidou o projeto original do nosso criador, o professor Coimbra, transformando a Coppe no maior instituto de pós-graduação em Engenharia da América Latina. Além disso, tinha uma grande visão humanitária. Entendia perfeitamente a importância da ligação da universidade com a sociedade e a formulação de políticas públicas que beneficiassem a população. Espero que possamos dar continuidade ao seu trabalho. Pinguelli fará muita falta à Coppe, à UFRJ e ao Brasil”, afirmou Romildo.

A reitora da UFRJ, professora Denise Pires, lamentou a partida de Pinguelli, “defensor nato da universidade brasileira e da difusão da ciência e da tecnologia. Seu compromisso com uma universidade de qualidade que transpira pesquisa deixará uma lacuna entre nós e um aprendizado permanente. Transmitimos força aos familiares, aos amigos e à comunidade acadêmica neste momento de consternação”.

O professor Nelson Maculan, [membro titular da ABC e] ex-reitor da UFRJ, lembrou da longa amizade com Pinguelli e de sua defesa pela qualidade da pesquisa na universidade. “A universidade deve muito a ele”, ressaltou. Também presente ao velório, a deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), disse que Pinguelli foi uma grande referência para todos que participam da vida parlamentar. “Ele era a pessoa que a gente consultava para desenvolvermos políticas públicas. Deixou um imenso legado e muitos discípulos”.

A atuação do professor em prol do desenvolvimento do país também foi destacada pelo vereador do município do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias. “Chamávamos o Pinguelli para todos os debates nacionais. Ele nos deixa num momento de luta pela soberania nacional, para retomar a democracia no Brasil, o papel do setor energético e da Energia como estratégia. O Pinguelli continuará representando muito para todos que defendem esse outro Brasil”.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) disse que “Pinguelli foi um grande amigo. Tinha um carinho e admiração pela forma que ele lidava com as pessoas. Um ser humano muito simples, capaz de lidar com o diálogo. Em todos os momentos das lutas políticas do Rio de Janeiro ele nunca teve dúvida de que lado deveria estar a Ciência e toda sua produção de conhecimento. Uma perda muito grande para a produção científica do Brasil. Queríamos muito que ele visse o Brasil melhorar, diferente do que está sendo nesse momento. Ele merecia ver essa mudança que o Brasil vai viver em 2022. A gente tem que dedicar a ele tudo que a gente conseguir transformar nesse País em 2022”.

Para o ex-diretor da Coppe [e Acadêmico] Edson Watanabe, Pinguelli era uma referência e tinha na ponta da língua tudo que devia ser feito na ciência. “Ele sempre encontrava solução para os problemas do Brasil. Pinguelli foi um dos que encarnou os três fundamentos básicos da Coppe criados pelo professor Coimbra: excelência acadêmica, dedicação exclusiva e interação com a sociedade. Tinha sempre os argumentos prontos para defender esses pontos. Pinguelli é daqueles que viverão por muito tempo nas nossas memórias”.

Colega de Pinguelli no Programa de Planejamento Energético da Coppe, Maurício Tolmasquim destacou sua liderança e capacidade de construir uma das instituições de ensino e pesquisa mais renomadas da América Latina, que é a Coppe. “Ele teve um papel importantíssimo em nível nacional, por diversas lutas que travou em favor do Brasil. Uma pessoa insubstituível. Vai fazer muita falta para todos nós”.

“A perda do Pinguelli é uma perda enorme para a UFRJ e para o Brasil. Ele conseguia reunir o pensar científico, o pensar político em termos de projeto de país e as ações voltadas para que as ideias se tornassem realidade. Que seu legado e sua coragem continuem nos inspirando, para nos ajudar a atravessar estes anos difíceis”, disse emocionada a professora Leda Castilho, do Programa de Engenharia Química da Coppe, [membro afiliada da ABC no período 2008-2013].

Em suas redes sociais, a reitora Denise Pires de Carvalho afirmou que a UFRJ e o Brasil perderam uma das maiores referências em planejamento energético. “O professor Luiz Pinguelli Rosa deixa um legado importante nesta área, em nossa universidade e na relação do Brasil com o mundo. Foi professor na Coppe, uma das unidades mais importantes de nossa universidade, onde implementou novos programas de pós-graduação, sempre com visão de futuro de um país soberano e independente, o país que nós todos defendemos. Uma grande tristeza, ficaremos com muita saudade, mas com as ideias de Luiz Pinguelli Rosa presentes em nossas mentes e nossas vidas”, destacou.

Autoridades e instituições também demonstram pesar

 O falecimento do ex-diretor da Coppe/UFRJ, professor Luiz Pinguelli Rosa despertou consternação e demonstrações de luto e de admiração em todo o Brasil. Diversas instituições e personalidades públicas manifestaram o seu pesar pela partida do Professor Emérito.

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva destacou que Pinguelli foi profundo conhecedor do sistema elétrico brasileiro, trabalhando e defendendo incansavelmente o desenvolvimento social, econômico e tecnológico do Brasil, bem como o avanço da ciência e a segurança energética do país. “Foi presidente da Eletrobras no meu governo e diretor da Coppe/UFRJ, instituição fundamental de pesquisa do nosso Brasil, por exemplo no desenvolvimento das tecnologias que permitiram a exploração do pré-sal. Pinguelli Rosa deu imensa contribuição para a evolução e defesa do sistema energético brasileiro, que hoje está sob ataque de entregadores do país. Fará grande falta ao Brasil”, afirmou Lula.

A ex-presidente da República Dilma Rousseff ressaltou que o professor Pinguelli foi um homem à frente do seu tempo, “um visionário defensor da ciência e do país”. “Ele foi um nacionalista que colocou o Brasil e os interesses do povo no centro de todo o seu trabalho intelectual e científico. Eu lamento muito a sua perda. Deixo aos seus familiares e amigos o meu profundo respeito e transmito a eles e ao país minha solidariedade e o sentimento de tristeza”, declarou Dilma.

A Eletrobras, comandada pelo professor Pinguelli de janeiro de 2003 a maio de 2004, também lamentou, em comunicado oficial, o falecimento do seu ex-presidente. “Sua gestão foi marcada pela promulgação das leis que redefiniram o modelo institucional do setor elétrico, em março de 2004, reafirmando as funções da empresa como holding das concessionárias federais. Também neste período, a Eletrobras assumiu a gestão técnica e financeira do Programa Luz para Todos”.


Confira entrevista com Luiz Pinguelli Rosa, “A política é indissociável da universidade”, publicada na revista Engenharia e Inovação: a arte de antecipar o futuro, em comemoração dos 50 anos da instituição. A entrevista, na íntegra, se concentra da página 46 a 51.