Raul Antonio Sperotto nasceu em 1981, na cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. O mais novo dentre quatro filhos, viu todos os irmãos ingressarem na faculdade, ao longo de sua infância e adolescência: dois para engenharia e um em secretariado executivo. Sua mãe era dona de casa e o pai era bancário, funcionário do Banco do Brasil. Raul passou a infância na cidade em que nasceu, viajando para a praia de Itapema, em Santa Catarina, nos verões. Sua infância foi muito alegre e agitada. “Na rua onde eu morava tinham várias crianças com idades próximas. Brincávamos sem parar, jogando futebol, taco e bola, vôlei, ping-pong, indo pescar, roubando bergamota dos vizinhos, brincando de esconder, de pegar carona no caminhão de frutas, enfim…”, recorda Sperotto. Na escola, não era um aluno nota 10, mas sempre foi muito esforçado. 

Por ser o único da família a seguir carreira científica, não teve influência de ninguém na escolha pela área. O despertar para a ciência veio já na graduação em ciências biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), quando fez iniciação científica no Laboratório de Fixação Biológica do Nitrogênio (Centro de Biotecnologia – UFRGS). “Naquele momento eu ainda não pensava em fazer mestrado, doutorado, seguir na vida acadêmica. Queria ser fotógrafo da National Geographic. Mas também achava o máximo a ideia de fazer experimentos, coletar dados, escrever os resultados”, relata Sperotto. As saídas a campo também lhe agradavam, embora se sentisse mais feliz no laboratório. Aos poucos, cursando as disciplinas de cunho molecular, foi vendo que gostava muito dessa área.  

Graduou-se em 2003 e em 2005 deu início ao mestrado e, a seguir, ao doutorado em biologia celular e molecular, ambos pela mesma instituição de ensino. Em seguida, Sperotto fez estágio de pós-doutorado em botânica, também pela UFRGS, concluído em 2010. “O que me encanta na ciência é que respondemos a uma pergunta e surgem outras dez. Nenhum assunto é esgotado, por mais que ele seja estudado”, avalia o Acadêmico.  

Ele cita diversas personalidades que influenciaram sua vida e sua pesquisa durante os 11 anos de formação, entre 1999 e 2010, incluindo todos os professores da graduação e da pós-graduação, além dos colegas de laboratório que serviram de inspiração e influência para se tornar o bom pesquisador que é hoje. “Cada um me ensinou muito e devo a eles estar na posição onde estou hoje. Mas claro, os orientadores têm papel fundamental: Luciane Passaglia e Irene Schrank, da graduação; Janette Palma Fett, do mestrado e doutorado”, declara o cientista. 

Atualmente, Raul Sperotto é professor adjunto da Universidade do Vale do Taquari – Univates. Suas pesquisas envolvem genética, bioquímica, biologia molecular, fisiologia vegetal e bioinformática, dedicando-se principalmente a entender como as plantas respondem a estresses abióticos e bióticos, condições ambientais desfavoráveis – como baixa temperatura, seca, salinidade, ataque de insetos, fungos, etc – e busca por genótipos adaptados a condições não ótimas de crescimento. Ele explica que sua área de estudo e atuação possuem grande fator de aplicação, pois os resultados obtidos por seu grupo de pesquisa podem ser usados em programas de melhoramento genético de plantas, diminuindo a perda na produtividade e aumentando a sustentabilidade do processo.  

Ter sido eleito como membro afiliado da ABC ele considera um grande reconhecimento pelos anos que vem dedicando à pesquisa nas ciências agrárias, área que ele avalia ser sub-representada na Academia. Diz que espera ver mais jovens como ele na ABC, pela importância da área para o país. “Me considero pesquisador há 16 anos e nesse período sempre fui muito dedicado – ao meu projeto de mestrado, doutorado, pós-doutorado, meu grupo de pesquisa, minhas colaborações nacionais e internacionais -, e esse título coroa essa dedicação e esforço”, afirma.  

Sobre suas atividades fora do laboratório, Sperotto admite que mesmo quando não está trabalhando, é altamente atraído pela ciência. “Gosto de ler livros relacionados com o meu trabalho – comportamento vegetal – e ver documentários interessantes”, conta. Gosta muito de música, sobretudo rock antigo, e é viciado em filmes, principalmente suspenses com atuações marcantes. Além disso, adora viajar e tem o plano de visitar pelo menos um novo país por ano. “Meu estilo de vida é sossegado, sem badalação, trabalho muito e me dedico sempre, mas adoro ficar ‘de pernas pro ar’ no mês de janeiro, quando entro em férias”, conclui o Acadêmico.