Filho primogênito de Ijair José Bassin e Gema Puerari Bassin, João Paulo Bassin nasceu em 1982, em Erechim, cidade do interior do Rio Grande do Sul, onde passou a infância e adolescência. Joãozinho, como era chamado pelos conhecidos, vivia entre os números e o esporte: na escola, tinha facilidade para realizar cálculos, memorizar fórmulas e a tabuada. Nas férias de verão, jogava ping-pong e bocha, esporte no qual chegou a disputar campeonatos.  

Na pequena cidade, a 392 km de Porto Alegre, os pais mantinham um negócio de refeições por encomenda. Além disso, o Sr. Bassin tinha um pequeno comércio de bebidas e lanches, que passou a ser sua atividade principal depois de um tempo. Já a mãe, Dona Gema, era professora de ensino fundamental. Ela conseguiu se formar em pedagogia alguns anos após o nascimento de João Paulo e depois abriu uma pequena fábrica de salgados, doces e massas para completar a renda. Ela conciliou essas duas atividades até sua aposentadoria como professora. João Paulo também tem uma irmã mais nova, a quem nomeia “uma companheira de infância muito importante”. 

A escolha pela engenharia química partiu da aptidão de João Paulo com as disciplinas de química, matemática e física. Na mesma época, ele também prestou vestibular para medicina, obtendo aprovação em algumas universidades. No entanto, a paixão pela engenharia faltou mais alto, e em 2001 ele se mudou para Florianópolis para estudar na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Os primeiros passos de João Paulo no universo da pesquisa acadêmica foram dados quando ele começou a fazer iniciação científica, no terceiro período da faculdade. Na ocasião, ele procurou o chefe do Departamento de Engenharia Química da UFSC, Prof. Hugo Moreira Soares. “Perguntei a ele se havia algum projeto de iniciação científica no qual eu poderia me envolver. Na ocasião, ele me apresentou um professor recém-chegado da Universidade de São Paulo (USP), onde havia sido chefe do Departamento de Engenharia Química por muitos anos”, contou. “O referido professor, Willibaldo Schmidell Netto, estava apenas começando sua jornada de professor visitante na UFSC e estava buscando um aluno de iniciação científica para trabalhar em um projeto que se encontrava em estágio inicial. Após conversarmos a respeito do projeto, passei a integrar o grupo de pesquisadores do Laboratório de Tratamento de Efluentes, sem saber que estaria trabalhando com um dos principais pesquisadores de engenharia bioquímica do país.”  

Essa oportunidade influenciou todo o futuro acadêmico do pesquisador, que a partir dela traçou seus próximos passos: escolheu a área de pesquisa, o local de estudos em nível de pós-graduação e onde gostaria de trabalhar como professor universitário. No último período da graduação, Bassin se aventurou pelo universo das indústrias, na empresa produtora de compressores para aparelhos de refrigeração Embraco, sediada em Joinville (SC), mas rapidamente retornou para o meio acadêmico. 

Foi durante o desenrolar do mestrado e do doutorado que Bassin se identificou, de fato, com a carreira acadêmica. “Foi só no doutorado que percebi que ser professor, pesquisador e orientador de alunos é uma tarefa que exige muito empenho e dedicação, além de ter um valor inestimável, pois contribui com a formação de pessoas e permite que elas tenham novas oportunidades na vida. Decidi seguir essa carreira, então”, contou. 

Bassin concluiu sua graduação em 2006, e realizou o mestrado e o doutorado multidisciplinar na mesma área pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), em 2008 e 2012, respectivamente. Realizou parte de seu doutorado na Delft University of Technology, Holanda, na área de biotecnologia. Sua tese lhe rendeu quatro prêmios, entre eles o Prêmio Capes de Tese 2013, na área das Engenharias II. A vasta lista de prêmios recebidos pelo pesquisador inclui um Elsevier Reviewer Recognition e o Jovem Cientista do Nosso Estado de 2019 pela Faperj. 

 As pesquisas de Bassin estão inseridas na área ambiental, mais especificamente no que se refere ao tratamento de águas residuárias – esgotos, efluentes, despejos – provenientes de diversos locais, como residências ou indústrias. “O principal objetivo é limpar águas poluídas por meio de processos de tratamento. Os trabalhos que realizo junto com meus alunos abordam mais o tratamento que utiliza microrganismos, especialmente bactérias”, explica o engenheiro, e continua: “Por meio de seu metabolismo, certas bactérias conseguem usar os poluentes como alimento, assim removendo-os das águas.” 

Seus estudos buscam também o desenvolvimento e aplicação de processos avançados, que ocupam menos espaço e apresentam maior eficiência. Como exemplo, ele cita a técnica de fornecer as condições exatas nos reatores biológicos para fazer com que as bactérias cresçam de forma que consigam remover mais poluentes de forma simultânea.  

Outro tema no qual o pesquisador está trabalhando é a geração de energia a partir de resíduos sólidos orgânicos, que consiste no aproveitamento da fração orgânica do lixo descartado para gerar energia na forma de biogás, nos chamados digestores anaeróbios. Bassin explica: “É um processo sustentável que transforma os resíduos em biogás por meio da ação de diversos microrganismos.”  

Sua mobilização pela ciência vem, segundo ele, do fato de poder buscar soluções e encontrar respostas para um determinado problema, além de facilitar o entendimento de situações cotidianas. “Na área em que trabalho, a ciência permite o desenvolvimento de novos processos e novas tecnologias de tratamento de efluentes e resíduos para um mundo mais limpo, preservando a qualidade das águas e reduzindo a quantidade de poluentes no meio ambiente”, ressalta Bassin. No entanto, o pesquisador ressalta que para transformar ideias em realidade é preciso que haja dinheiro. “Os pesquisadores brasileiros necessitam de recursos para contribuírem, efetivamente, para o avanço científico e tecnológico do país. É prioritária a necessidade de mais investimentos em ciência e tecnologia no país, já que, sem isso, não há desenvolvimento.” 

 No tempo livre, o Acadêmico gosta de praticar esportes como forma de diversão e relaxamento. E o que mais gosta é de de viajar, conhecer novos locais e fazer novas amizades. “Interagir com pessoas de outras culturas permite com que você ‘abra a cabeça’ e conheça novas formas de viver, que inclusive podem ser úteis para a sua vida cotidiana”, afirma.