Leia matéria de Luciana Dyniewicz com o vice-presidente da ABC para a Região Norte para O Estado de S. Paulo, publicada em 25 de julho:

Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências para a Região Norte, o biólogo Adalberto Val afirma que é preciso aumentar as pesquisas na floresta para conseguir explorá-la de forma sustentável.

Ele propõe a criação de institutos científico-tecnológicos e universidades para pesquisa, que, segundo cálculos de 2008, demandariam investimentos de R$ 30 bilhões em dez anos. Em valores atualizados, R$ 55 bilhões. “É importante capacitar e fixar pessoal na Amazônia”, diz. A seguir, trechos da entrevista:

Existe no Brasil uma exploração sustentável da Amazônia como, por exemplo, fonte de soluções para a indústria?

Aqui, quando se trata de produção de larga escala, significa desmatamento. Criar boi ou plantar soja têm significado isso. Quando você desmata uma região como a Amazônia, não tem como falar em recuperação. Quando você queima uma floresta, você mata micro-organismos no solo que são responsáveis pela fertilidade que mantém a floresta em pé. Perdemos a galinha dos ovos de ouro. Depois de três anos (de exploração de soja ou cana), não se produz mais nada, porque aí é preciso um investimento alto em fertilizantes. Viva, a floresta tem resultados para inclusão social, geração de renda, saúde das populações em geral mais robustos do que ela cortada, gerando recursos para poucas populações.

A exploração sustentável hoje, então, é quase inexistente?

Tem alguns exemplos. Temos uma fazenda de criação de peixes que utiliza informações científicas para a produzir pirarucu. Há uma organização que produz látex para uso medicinal e em preservativos. Tem organizações usando material para cosméticos, como a Natura.

Quais os entraves para dar escala a essas produções?

É preciso decodificar o conjunto de informações que existe sobre a floresta e estimular a inclusão social. Uma política voltada para isso seria mais eficiente do que derrubar a floresta. Enquanto o investimento em ciência e tecnologia for limitado – o que não ocorre só nesse governo, mas há anos –, será muito difícil, porque dependeremos de pesquisas feitas em outros lugares. É importante capacitar e fixar pessoal na Amazônia. Ter polos tecnológicos em diferentes lugares da Amazônia, porque ela é diversa. Precisamos ter soberania de conhecimento sobre a região. O vasto conjunto da Amazônia que está no nosso território nos impõe isso. Precisamos conhecer o que está dentro dela, porque o que tem de potencial tem também de perigo: novos vírus e bactérias.

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Leia a matéria na íntegra no Estadão.