Instituições integrantes da Rede Zika-RJ juntaram esforços para desvendar, pela primeira vez, a assinatura molecular do vírus zika no cérebro e sangue de oito bebês portadores da síndrome de zika congênita. Estas vítimas da doença faleceram até 48 horas pós-parto de mães cuja gestação foi acompanhada entre outubro de 2015 a julho de 2016 nos estados do Rio de Janeiro e Paraíba. Entre as instituições de pesquisa envolvidas estão a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Estadual do Cérebro-RJ, a Fiocruz-RJ, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC-RJ), a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Butantan e o Instituto de Pesquisa e Extensão da Paraíba (IPESQ-PB).

Uma abordagem multiômica – proteômica, transcriptômica e genômica – investigou os eventos moleculares nos cérebros e sangue. O Acadêmico Gilberto B Domont lidera, como um dos corresponding authors, a parte da proteômica no estudo multiômico sobre a assinatura molecular do vírus zika.

O artigo 100% brasileiro relatando os resultados foi publicado terça-feira (9/6) na prestigiada revista “Science Signaling”, da American Association for the Advancement of Science. Nele são tornados públicos os dados colhidos por 32 pesquisadores que mostram forte redução na quantidade de colágeno – proteína e RNA – de matriz extracelular, bem como alterações localizadas nos neurônios e seus axônios, e defeitos na migração neuronal.

Ficaram evidentes, também, alterações moleculares encontradas em duas doenças raras: a osteogênese imperfecta, doença hereditária que prejudica a formação dos ossos tornando-os muito frágeis, e a artrogripose, caracterizada por contraturas e fraqueza muscular. Outras informações obtidas no estudo revelam a existência de genes do hospedeiro associados à suscetibilidade à síndrome de zika congênita.

O estudo foi apoiado pela Faperj, pelo CNPq, Capes, Finep e Fapesp.

Leia  o artigo original em doi: 10.1126/scisignal.aay6736