Dezesseis Academias de Ciências das Américas reuniram-se virtualmente, em  1o de junho,para discutir a atuação delas no contexto da pandemia de covid-19. A videoconferência foi promovida pela Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas, na sigla em inglês) e foi coordenada pelos co-presidentes, os Acadêmicos Helena B. Nader, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Jeremy McNeil, que é membro correspondente da ABC.

Assistidos ainda pela secretária-executiva da Ianas, Beatriz Caputto, os coordenadores registraram a presença de Peggy Hamburg, co-presidente da  IAP-Health, braço da Parceria InterAcademias (IAP) voltado para questões de saúde.

Nader abriu a reunião destacando o grande impacto da covid-19 nos Estados Unidos e Brasil,  países das Américas que lideram o ranking global de número de casos confirmados. Apresentando um balanço atualizado do continente americano, ela destacou que o impacto também tem sido forte em outros países da região, quase todos com baixíssimo índice de testes realizados, o que indica subnotificação, especialmente nos países da América Latina. A co-presidente agradeceu o comprometimento das Academias com a Ianas, primeira rede regional de Academias de Ciências a organizar um encontro deste tipo entre seus membros.

O presidente Luiz Davidovich apresentou as principais atividades desenvolvidas pela Academia Brasileira de Ciências desde o início da pandemia. Os destaques foram a série de webinários “O mundo a partir do coronavírus”, cuja 10ª edição ocorre em 9 de junho, o projeto de vídeos “Conhecer para Entender” sobre questões relacionadas à covid-19 e as declarações temáticas assinadas pela ABC em níveis nacional e global.

Além da página específica sobre coronavírus no site da Academia, Davidovich mostrou através de notícias que vários membros da ABC estão na linha de frente de pesquisas relacionadas à covid-19. Os Acadêmicos também estão envolvidos na comunicação científica, dando entrevistas diárias à imprensa e fornecendo consultoria aos governos estaduais e municipais de todo o Brasil. O presidente destacou a grande demanda dos veículos de mídia por comentários da ABC sobre assuntos ligados à pandemia e à política de saúde dos governos.

Como membro-observador de Ianas, a Academia Nacional de Medicina (ANM) também participou da reunião por meio de seu presidente, Rubens Belfort Jr. Ele, que também é membro titular da ABC, apresentou as iniciativas da ANM, como as sessões semanais de debates sobre a covid-19, com grande destaque para aquelas que contaram com a participação de especialistas da China, França e Reino Unido.

As formas de atuação da ABC, relatadas por Davidovich, mostraram-se afinadas com as das outras Academias: assessoramento direto a governos locais, municipais e nacionais; fornecimento de informações de saúde baseadas em evidências para a população, com combate à desinformação; e envolvimento direto em pesquisas relacionadas ao coronavírus e à covid-19. Também foram debatidas questões referentes à educação à distância e o reduzido acesso à internet, principalmente na América Latina.

Os mais de 50 participantes discutiram potenciais iniciativas comuns que podem ser desenvolvidas, incentivando a colaboração e o compartilhamento contínuo de experiências entre as Academias da região. Foi acordada a implementação de uma área no site da Rede dedicada à covid-19, reunindo as atividades desenvolvidas nacionalmente pelas Academias-membro.

Na avaliação de Helena B. Nader, a reunião mostrou de forma bastante clara o panorama da covid-19 nas Américas, evidenciando a importância de se tomar decisões para o enfrentamento da pandemia baseadas na melhor ciência disponível. “Países como Uruguai, Argentina e Costa Rica são excelentes exemplos de nações que valorizaram a ciência para o enfrentamento da doença, e mostram números de contaminações e mortes realmente abaixo dos demais”, disse ela. “Também ficou evidente nas discussões as heterogeneidades dentro de cada país e a necessidade de se lutar pela equidade”, finalizou a vice-presidente da ABC.