A nona sessão da Conferência IAP-SPEC, que encerrou o evento no dia 29 de março, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), recebeu quatro palestrantes para falarem do papel da ciência e da tecnologia no processo de elaboração e implementação de políticas públicas.

Moderada pelo presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, a sessão contou com o presidente da IAP (InterAcademy Partnership), Volker ter Meulen, Daya Reddy (Conselho Internacional de Ciência), William Colglazier (Associação Americana pelo Avanço da Ciência) e Rashid Bajwa (Programa Nacional de Apoio ao Produtor Rural – Paquistão).

Daya Reddy, Volker ter Meulen, Luiz Davidovich e Rashid Bajwa

Atingindo as metas dos ODS por meio da cooperação científica global

Diretor do Conselho Africano da AIMS e presidente do Conselho Científico Internacional, Daya Reddy presidiu a Academia SulAfricana de Ciências e é co-diretor do setor de políticas da IAP.

Em sua apresentação, Reddy destacou, além dos ODS 1 (erradicação da pobreza) e 10 (redução das desigualdades), o ODS 3 (boa saúde e bem-estar), e a interação entre esses três temas. Com mais da metade da população mundial vivendo em áreas urbanas e a pobreza extrema frequentemente concentrada nesses espaços, o cientista defendeu a implementação dos ODS de forma integrada ao contexto da urbanização.

Reddy citou alguns exemplos de atividades integrativas em nível global e enumerou os passos a serem seguidos pelos agentes na CT&I para o cumprimento da Agenda 2030: design de métricas práticas para acompanhar o progresso; estabelecimento de mecanismos de monitoramento; avaliação de progresso, incluindo revisão por pares; aumento da infraestrutura; padronização e verificação de dados; e, por fim, a cooperação estreita para assegurar a capacidade nos países em desenvolvimento.

Os objetivos estratégicos da IAP

Médico, Volker ter Meulen especializou-se em pediatria e virologia clínica nos Estados Unidos. De 2003 a 2010, foi presidente do conselho consultivo das Academias Europeias de Ciência. Em 2013 foi eleito codiretor da IAP, que preside desde 2017.

Meulen realizou uma palestra sobre o trabalho realizado pela IAP e seu alinhamento com os ODS. Ele destacou os desafios atuais para a segurança alimentar e nutricional e apontou para a necessidade de se fornecer uma dieta saudável e acessível para todos, que seja ambientalmente sustentável e culturalmente aceitável.

O cientista alertou ainda que a definição de prioridades para aumentar a produção agrícola por meio da intensificação sustentável deve levar em conta as pressões em outros recursos críticos, como água, solo, energia e biodiversidade.

De forma geral, os objetivos estratégicos da IAP fornecem conselhos politicamente relevantes e perspectivas sobre assuntos globais, baseados nos conhecimentos em ciência, saúde, engenharia e tecnologia. Para além de desenvolver e fortalecer a rede global de academias de ciências, a organização também busca apoiar a educação científica e fortalecer o empreendimento científico global.

Atuação das comunidades científicas nacionais e academias no cumprimento da Agenda 2030

William Colglazier é editor-chefe de ciência e diplomacia e acadêmico sênior no Centro Pela Diplomacia Científica na Associação Americana pelo Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).  De 2016 a 2018, foi codiretor do grupo de conselheiros do secretário geral das Nações Unidas em ciência, tecnologia e inovação, com a função de atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas.

A atuação das comunidades científicas nacionais e academias de ciências na revisão de como CT&I podem impactar nas políticas de implantação dos ODS 1 e 10 pautou a palestra de Colglazier.

O cientista apontou o planejamento de estratégias de proteção social e sistemas para a população mais pobre e vulnerável e a criação de planos de desenvolvimento para os países como as principais áreas onde o engajamento das instituições científicas e pesquisadores se faz necessário.

Pobreza de renda no núcleo familiar

Rashid Bajwa é o CEO do Programa Nacional de Apoio ao Produtor Rural (NRSP, na sigla em inglês) – o maior projeto sem fins lucrativos do Paquistão, que trabalha com pequenos proprietários e fazendeiros sem-terra para aumentar a produtividade e qualidade de seus
produtos.

Sob sua liderança, o NRSP desenvolveu um conceito de mercado para os pequenos fazendeiros que fornece incentivos, incluindo créditos rurais, sementes e serviços de logística. É diretor da Rede de Micro Finanças do Paquistão, onde é diretor honorário do comitê de política.

A partir de sua experiência no NRSP, Bajwa falou sobre a questão da pobreza de renda, que acontece a nível domiciliar. Por meio de exemplos de sucesso ocorridos no Paquistão, o especialista explicou como a ciência e a tecnologia se tornaram um instrumento de impacto nas políticas públicas, possibilitando uma saída para as famílias mais pobres aumentarem a sua renda.

 

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