De 1 a 5 de outubro de 2018, na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, a Academia Brasileira de Ciências e a Academia de Ciências da Alemanha-Leopoldina promoveram, em parceria com o INCT-Acqua e o Centro de Pesquisas sobre Água e Meio Ambiente da Universidade de Duisburg-Essen (ZWU), o workshop Sustainable Water Management in Mining and Post-Mining Landscapes. A atividade, que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Escritório Regional para a América Latina e Caribe da Academia Mundial de Ciências (TWAS-Lacrep), é a terceira reunião no escopo de uma cooperação bilateral desenvolvida pela ABC e Academia Leopoldina que, desde 2014, promove a cada dois anos um simpósio com jovens cientistas, tendo por foco a gestão sustentável dos recursos hídricos.

Nesta ocasião, que contou com jovens cientistas do Brasil, Alemanha,  Canadá, Chile e Peru, a temática foi a interface água-mineração, tendo sido abordados três subtópicos: medidas institucionais, medidas de prevenção e restauração, e medidas de controle. Pelo lado brasileiro, o comitê científico foi composto pelos Acadêmicos Virginia Ciminelli (INCT-Acqua), na foto ao lado, e José Tundisi (IIEGA), além de Francisco Barbosa (UFMG). Pelo lado alemão, estiveram envolvidos Peter Fritz (Leopoldina), André Niemann (ZWU) e Claudia Pahl-Wostl (University of Osnabrück).

A cerimônia de abertura (foto abaixo), realizada na manhã do dia 2 de outubro, teve a participação de André Niemann (ZWU),  José Tundisi (ABC), Peter Fritz (Leopoldina), Evaldo Vilela (Fapemig) e da representante da reitora Sandra Goulart de Almeida.  Todos destacaram a excelente oportunidade oferecida pelo workshop para que fosse promovida a troca de ideias e experiências entre os jovens pesquisadores, e entre estes e os cientistas sêniores.

A atividade também contou com conferências temáticas, divididas em duas sessões: Perspectivas Científicas e Perspectivas de Especialistas Externos. Na primeira, além de Ciminelli, Niemann e Pahl-Wostl, participou Britaldo Soares Filho (UFMG). Na segunda sessão, Tatiana Heid Furley (Aplysia), Wilfred Brandt (Brandt Meio Ambiente) e Alessandro Nepomuceno (Kinross) apresentaram suas opiniões com pontos de vista dos setores de consultorias e indústrias de mineração. Confira a programação completa.

Os debates gerados por essas conferências foram bastante enriquecedores e contribuíram para o trabalho dos jovens cientistas. Nos demais momentos do workshop, eles se dividiram em grupos temáticos (medidas institucionais, medidas de prevenção e restauração, e medidas de controle) com o intuito de apresentarem suas visões e propostas para o presente e o futuro do gerenciamento sustentável da água (e do ambiente como um todo) em áreas de mineração e pós-mineração. Essas discussões seguem acontecendo após o evento e darão origem a um policy paper, um dos principais produtos do workshop.

Além dos três dias de atividades na Escola de Engenharia, a reunião também contou com excursões a regiões próximas a Belo Horizonte, que propiciaram a oportunidade de se observar algumas iniciativas diretamente ligadas aos  debates realizados e uma maior integração entre os participantes. No dia 1º de outubro, em uma visita de campo (foto abaixo) à Mariana (MG), foram apresentadas as iniciativas que vêm sendo implementadas pela Fundação Renova com o objetivo de recuperar social e ambientalmente a região após o desastre do rompimento da barragem de Fundão. Os participantes conheceram os diferentes métodos implementados e visitaram o impactante cenário de destruição do distrito de Paracatu de Baixo, um dos mais atingidos na tragédia de novembro de 2015.

Já no último dia, 5 de outubro, após sessões de trabalho e do encerramento oficial da atividade, os participantes puderam visitar as belezas do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). Nesta oportunidade, além das obras de arte, tiveram contato com um bom exemplo de recuperação ambiental pós-mineração, uma vez que o espaço fica em uma área anteriormente utilizada para a produção mineral.

O policy paper será produzido pelos jovens cientistas e seu lançamento está previsto par ao primeiro semestre de 2019. Publicado pelas duas Academias e circulado para gestores e formuladores de políticas públicas, agências de fomento e instituições científicas relevantes, o documento tem o objetivo de ampliar a consciência e o apoio para as questões e tópicos de pesquisa identificados como prioritários.