Aos 17 anos, Daniele Barbosa de Almeida Medeiros tomou conhecimento das pesquisas sobre saúde pública realizadas no Instituto Evandro Chagas (IEC) e teve a certeza de que um dia trabalharia lá. Hoje, a biomédica concretizou o sonho da estudante e trabalha no IEC pesquisando o impacto dos arbovírus na saúde pública.

Daniele Medeiros nasceu em Teresina, no Piauí. Cresceu na cidade até os 13 anos, quando mudou-se com a família para Belém, no Pará. Ela conta que teve uma infância alegre e recorda com carinho das brincadeiras no quintal de casa e dos encontros com os primos nas viagens para Recife.

Na escola, já dava indícios de que seguiria carreira científica: suas matérias favoritas eram biologia, física e matemática. Ela lembra que nessa época gostava de observar pequenos animais para comparar a anatomia e coletar plantas para identificar as espécies.

A escolha do curso de graduação se deu após uma feira de vestibular, onde conheceu o trabalho realizado pelo Instituto Evandro Chagas na área da saúde pública e optou pelo curso de biomedicina. Entre 1998 e 2002, concluiu sua graduação em biomedicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA). “Entre livros e festas, lá encontrei grandes amigos que me acompanham até hoje”, comentou a cientista.

No mesmo ano em que terminou a graduação, ingressou no mestrado em biologia de agentes infecciosos e parasitários na UFPA. Terminou o programa em 2004, e em 2006, iniciou o doutorado na mesma área e universidade. Ela menciona a importância que seus orientadores tiveram em sua carreira, em especial o professor José Antônio Diniz, na graduação, e o Acadêmico Pedro Fernando Vasconcelos, no mestrado e doutorado.

Entre 2016 e 2017, Daniele foi para os Estados Unidos para um estágio de pós-doutorado na University of Texas Medical Branch. Lá, trabalhou no desenvolvimento da vacina contra o vírus da zika. Ela comenta que , sem sombra de dúvida, o sucesso do desenvolvimento do candidato a vacina veio de muito trabalho, dedicação “e principalmente da confiança que o Dr. Pedro Vasconcelos e a nossa equipe têm de fazer o melhor para o nosso país”.

Como pesquisadora, a nova afiliada da ABC tem atuado nos estudos da arbovirologia, buscando aprimorar técnicas laboratoriais para o diagnóstico sorológico e molecular dos arbovírus. Ela explica que sua pesquisa auxilia na identificação dos arbovírus, focando em sua capacidade de dispersão e no poder que eles têm de causar epidemias. “Essas pesquisas contribuem hoje de forma direta ou indireta para a saúde pública, embasando ações de vigilância e controle das doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos, as arboviroses”, conclui Daniele.

Enfrentando o “contínuo desafio da descoberta de algo novo”, como a cientista coloca, Daniele tem conquistado o reconhecimento de seu trabalho e foi eleita para a categoria de membro afiliado da ABC, para o período entre 2018 e 2022. Sobre integrar a Academia, a biomédica celebra: “Para mim é uma honra receber o título de membro afiliado da ABC e fico feliz de ser um dos representantes da região Norte. Pretendo atuar junto à ABC levando um pouco da expertise do grupo de arbovirologia do Instituto Evandro Chagas”.