A infância de Rafael Vasconcelos Ribeiro foi recheada de aventuras e contato com a natureza. Filho de militar, com 9 anos o menino passou a integrar um grupo de escoteiros em Brasília e assim seguiu até os 17 anos, quando entrou na faculdade. De lobinho, chegou a sênior da terceira patrulha e conta sentir falta da infância e dos amigos. Além dos acampamentos, que adorava, se divertia boa parte do tempo jogando futebol. Chegou até a participar da pré-seleção para um time profissional. “Acho que meu pai nem sabe desse fato e ainda bem que não deu certo. Pudera, toquei na bola duas vezes e numa delas eu escorreguei”, diverte-se.

Apesar de empenhado em seguir os ensinamentos do escotismo, Rafael era um aluno aplicado na escola. Apaixonado por números, a matemática e a física perdiam apenas para a biologia, “a menina dos olhos” do garoto. Ele credita o fato ao seu contato precoce e constante com a natureza e aos debates que costumava travar com os amigos. A escolha por agronomia se confirmou depois de um teste vocacional oferecido pela escola. Uma opção, no mínimo, curiosa, como define Rafael. “Como gostava de ciências e de números, a agronomia era o curso apropriado e que interessava àquele menino da cidade, que morava em apartamento. Estranho, não?”, pondera ele.

Na graduação, seguiu rumando por caminhos não usuais. Estagiou em educação física, garantindo as despesas de moradia e, depois, passou a pesquisar sobre a fisiologia dos vegetais, em um estágio de iniciação científica, sob a orientação do professor Luiz Edson Mota de Oliveira. Seguiu para a pós-graduação na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), onde trabalhou com fotossíntese de plantas infectadas pela bactéria Xylella fastidiosa. Os resultados do trabalho chegaram a ser publicados em revistas internacionais de renome como “Physiological and Molecular Plant Pathology” e “Plant Pathology”.

De lá, Rafael seguiu para o doutorado, desta vez no programa de física do ambiente agrícola (antiga Agrometeorologia), também na Esalq/USP, onde defendeu tese sobre a fotossíntese e as relações hídricas de laranjeiras em condição de campo, sob orientação dos professores Luiz Roberto Angelocci e Eduardo Caruso Machado.

Atualmente, Rafael é pesquisador do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB/Unicamp), onde prossegue com as pesquisas sobre a relação entre plantas e meio ambiente, principalmente a fotossíntese e as relações hídricas, como o déficit hídrico, com foco nos citros e na cana-de-açúcar. O objetivo principal dos estudos de Rafael é entender como as diversas variáveis do ambiente influenciam as plantas e como estas reagem ao ambiente. Dessa forma, é possível buscar meios de aumentar a produtividade, potencializar a ação dos nutrientes e da água e estudar a obtenção de plantas mais produtivas por meio de melhoramento genético.

Para o membro afiliado, a natureza representou um encanto desde o primeiro contato, ainda na infância. A ciência é, para Rafael, um meio de entendê-la e desvendar seus mistérios. E é este encantamento que pretende divulgar como membro da ABC, mérito que credita aos longos anos de estudos e a todos os profissionais que fizeram parte deles.

Como um apaixonado pelo meio ambiente, não é de se espantar que, mesmo nas horas vagas, o agrônomo goste de estar ao ar livre. Ele une a necessidade do exercício físico com o prazer, usando o tempo livre para corridas ao som de rock ou caminhadas com a família. Além disso, guarda um hobby peculiar: gosta de relógios. “Gosto de números e eles gostam de mim. Eu acho”, completa fazendo graça.