ufpe_017_edit.jpgQuarta filha dos cinco do Professor Luís e Dona Dilma, Elizabeth Soares Fernandes encontrou no pai a inspiração para seguir a trilha da ciência. Farmacêutico de formação, ele trabalhava em farmácia e dava aulas de química analítica na universidade, enquanto Elizabeth e as irmãs ainda davam os primeiros passos na escola. “A formação do meu pai em farmácia já nos despertou o interesse em ciência desde pequenas. Isso, associado ao fato de que tive excelentes professores de biologia, me estimularam para a área”, conta a jovem afiliada da ABC.
Por gostar tanto de biologia, Elizabeth soube, já no ensino médio, que seguiria uma carreira voltada para a área de ciências biológicas ou saúde. “Assim, ingressei no bacharelado de ciências biológicas em 1994 na Univale [Universidade do Vale do Rio Doce]”, lembra ela, que hoje é docente do Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária e do Programa de Pós-graduação em Odontologia do Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma).
Elizabeth é também professora do programa de Pós-graduação da Rede Bionorte e também pesquisadora colaboradora da instituição. Ela ainda atua como professora visitante da Divisão Cardiovascular da Escola de Medicina do Kings College London, no Reino Unido. Como pesquisadora, ela se dedica ao estudo da fisiologia dos receptores “TRP”. Elizabeth investiga o papel desses receptores no estabelecimento e manutenção de diferentes doenças. Em outras palavras, a pesquisadora busca entender a relevância de proteínas expressas em células nervosas e não nervosas e suas contribuições para a progressão de doenças infecciosas, inflamatórias e dolorosas. “Entender como estas proteínas contribuem para estas doenças é de grande relevância para o desenvolvimento de novas terapias”, explica ela.
O gosto pela pesquisa surgiu na vida de Elizabeth durante a graduação, quando ela teve esta experiência pela primeira vez. “Já em meados de 1996, sabia que a pós-graduação seria essencial para a consolidação da minha carreira acadêmico-científica”, diz a nova afiliada.
Em 1997, Elizabeth visitou as dependências do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e foi aí que tudo mudou. “Conhecer as aplicações da então nova tecnologia da inteligência artificial para a área da biologia e as expectativas de grandes mudanças em torno destas aplicações me fizeram optar pelo mestrado em engenharia de produção, com ênfase em inteligência artificial”, relembra ela.
Em fevereiro de 1998, Elizabeth ingressou no mestrado na área que desejava. Masainda não se sentia satisfeita, procurava algo além. “Embora o mestrado tenha me despertado para certos aspectos da inovação tecnológica, ao mesmo tempo sentia a necessidade de me dedicar mais profundamente à área de ciências biológicas e de ter um envolvimento direto com a área da saúde”, diz.
O que a pesquisadora viria a descobrir é que o seu desejo profissional estava ligado, intimamente, com suas origens: aquele fascínio da infância, quando seu pai trabalhava em uma farmácia. A iniciação científica em imunologia, durante a graduação em ciências biológicas, reforçou esse interesse de Elizabeth. A área de inflamação, em especial, os efeitos anti-inflamatórios dos produtos naturais estavam agora em seu radar.
Após conhecer o professor João Batista Calixto [vice-presidente da ABC/Regional Sul], renomado pesquisador na área de farmacologia e autoridade no estudo de princípios ativos de plantas e na pesquisa básica sobre dor e inflamação, e passar um tempo em seu laboratório como voluntária, em 2001, ela ingressou no Programa de Doutorado em Farmacologia da UFSC, obtendo o título em 2005.
Para Elizabeth, representar a região Nordeste como jovem acadêmica afiliada à ABC é, além de uma honra, uma missão. “O Estado do Maranhão é um dos mais carentes do Brasil em termos de desenvolvimento. Embora os governos estadual e federal tenham investido nos últimos anos para o desenvolvimento acadêmico, científico e tecnológico da região, ela ainda apresenta limitações em relação ao acesso a diferentes técnicas e equipamentos importantes para alavancar a ciência”, avalia.
“Ser reconhecida pela Academia Brasileira de Ciências é com certeza um incentivo para que cada vez continuemos nos dedicando ao avanço científico e tecnológico do estado”, acrescenta Elizabeth, que diz que o que mais a fascina na ciência é a possibilidade “impressionante” de trocar informações entre profissionais de diferentes níveis, formações acadêmicas e nacionalidades.
“Na ABC, quero contribuir para a discussão de temas relevantes à pesquisa na área de farmacologia e imunologia, além de contribuir para a disseminação de novos conhecimentos e novidades acerca da ciência brasileira junto a alunos e pesquisadores do estado”, ressalta a pesquisadora.