A vida de atleta de natação, iniciada na adolescência, despertou o interesse de Thiago Moreno Lopes e Souza pela biomedicina. “Cheguei a treinar na Florida State University, quando tinha 16 anos. Não à toa as disciplinas da área científica, tais como química, física e biologia, despertavam mais meu interesse”, afirma.
Já no Ensino Médio, Thiago decidiu pelo curso técnico de educação física. “Fisiologia e anatomia foram matérias que despertaram meu interesse para a área biomédica”, diz ele. Mas foi na biologia que Thiago depositou suas fichas, pois acreditava ser esse o caminho mais rápido para uma carreira científica.
“Sempre me senti seguro falando em público e com a possibilidade de dar aula, identifiquei na biologia a carreira que poderia unir o universo da pesquisa e do ensino”, conta o Acadêmico, que revela que recebeu um empurrãozinho decisivo para a sua carreira: “Um tio-avô, doutor em física e ex-professor da PUC-Rio [Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro], me incentivou a fazer biologia”.
Formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Thiago fez o mestrado e doutorado em química biológica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se especializou em virologia. Ele conta que, já no primeiro dia de faculdade, procurou um laboratório de iniciação científica que trabalhasse com biologia molecular. Foi aí que ele entrou no mundo da pesquisa em virologia molecular, área em que se identificou e atua ainda hoje. “Ao longo deste período sempre trabalhei em modelos voltados para o estudo de novas substâncias naturais e sintéticas como antivirais”, conta.
Orientador permanente da Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Thiago é também virologista do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) da Fiocruz. Lá ele coordena o laboratório de diagnóstico molecular das viroses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) e o grupo de pesquisa de desenvolvimento pré-clínico de novas drogas antivirais no Instituto Oswaldo Cruz. Na mira de Thiago e de sua equipe estão os agentes causadores da Zika, dengue, gripe (H1N1), herpes e Aids. “Os quebra-cabeças e a descoberta são os elementos da ciência que mais me encantam. Poder desvendar fenômenos naturais e buscar aplicações práticas através destes achados é o que me estimula”, diz ele.
Thiago tem realizado ainda colaborações internacionais, na Universidade de Miami (grupo de Mario Stevenson), Broad Institute (grupo de Pardis Sabeti), e cooperação com setor produtivo nacional, Consórcio de empresas Farmoquímicas BMK. As principais contribuições do pesquisador têm sido na identificação do sofosbuvir, molécula aprovada contra o HCV, como antiviral contra Zika; identificação de variantes de zika circulantes nas Américas; estudos celulares e moleculares do vírus influenza A(H1N1) pandêmico em indivíduos imunocomprometidos; monitoramento de cepas de influenza circulantes resistentes aos antivirais; identificação de novas substâncias de origem natural, sintética ou biotecnológica com atividade antiviral contra os agentes, Herpes, HIV, influenza, dengue e zika.
Eleito como membro afiliado da ABC para o período 2017-2021, Thiago diz que esta indicação representa para ele um reconhecimento profissional da jornada realizada até agora e estimula que seu envolvimento com a ciência, descoberta e formação de recursos humanos seja ainda mais intenso.
Veja matéria do jornal O Globo com o novo membro afiliado da ABC publicada em 25/5/2017.