Fanático por seu time de futebol, o São Paulo, e goleiro das partidas com os amigos, Pedro Henrique Cury Camargo foi eleito membro afiliado da ABC pelo período de 2017 a 2021. Com graduação e mestrado em química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), é doutor em engenharia biomédica pela Universidade de Washington em St. Louis e, atualmente, professor associado no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP).

Mesmo tendo tido desde cedo afinidade com as matérias de ciência, o interesse pela química em especial só foi surgir ao longo do tempo, com a maturidade. Camargo também credita sua atração pela área à influência dos bons professores que teve no ensino médio, no colégio Santo Antônio Objetivo de Ourinhos, no interior de São Paulo.

Na infância, dividindo-se entre peladas e jogos de futebol e basquete, foi criado pela mãe e os avós em Ourinhos. Na época do vestibular, veio a dúvida. “Decidir uma carreira com 17 anos é uma grande responsabilidade para um jovem e eu ainda não tinha maturidade suficiente para tal escolha”, observou Camargo. A paixão concreta pela química só veio quando entrou na graduação e percebeu que havia feito a escolha certa.

Pedro Henrique Camargo começou sua iniciação científica no segundo ano do curso na UFPR, ao ser convidado pela Prof. Jaísa F. Soares para trabalhar em seu laboratório, depois de ter tirado a maior nota de sua turma na matéria ministrada por ela, química de complexos. No terceiro ano, descobriu a química de materiais, disciplina do docente Aldo José Gorgatti Zarbin que, em parceria com sua orientadora na época, o incentivaram a seguir essa linha de pesquisa. Cursou o mestrado no Departamento de Química da UFPR, ainda sob a orientação da Prof. Jaísa F. Soares e tendo o Prof. Aldo J. G. Zarbin como co-orientador. Após o mestrado, seguiu para os Estados Unidos, com uma bolsa de doutorado do programa CAPES/Fulbright. “Nessa hora, acredito que fui muito feliz e privilegiado por ter orientadores que me instruíram muito bem, me incentivaram e ajudaram com relação ao meu futuro”, lembra ele. Nos Estados Unidos, ficou sob a orientação do Prof. Younan Xia na Universidade de Washington, em Seattle, e, posteriormente, em St. Louis.

A pesquisa de Camargo é relacionada ao desenvolvimento de estratégias simples e ambientalmente amigáveis para a obtenção de nanopartículas e nanomateriais com características controladas como tamanho, forma e composição. “Esse controle permite a otimização inteligente de várias propriedades desses sistemas nanoestruturados, abrindo a possibilidade para maximização de performance em várias aplicações. Um exemplo é a catálise, que se refere a um aumento de velocidade de uma reação promovida por um catalisador. A utilização de nanomateriais controlados em catálise abre as portas para processos químicos mais limpos, mais eficientes e com menor consumo energético e, por causa disso, apresenta um grande apelo não só econômico, mas também do ponto de vista ambiental”, explicou o cientista.

Camargo vê o título recebido pela ABC como um reconhecimento ao seu trabalho e ao do seu grupo. Pretende utilizar a oportunidade para seguir contribuindo com a sociedade e com a ciência que é algo que, para ele, “pode mudar o mundo, torná-lo um lugar melhor, influir positivamente na qualidade de vida das pessoas, contribuir para o desenvolvimento do Brasil e permitir cuidar do nosso planeta”.