Nascido em Porto Alegre, Félix Alexandre Antunes Soares passou a infância e adolescência em Uruguaiana, no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina. “Acredito que tive uma infância normal, como toda criança de classe média. Meu pai era servidor público e minha mãe era dona de casa de dia e vendedora de roupas à noite”, recorda o cientista, eleito membro afiliado da ABC no período 2016-2020.

Félix tem um irmão gêmeo, companheiro em brincadeiras e bagunças, como ele conta, e mais dois irmãos mais novos, uma moça e um rapaz. Na escola, tinha problemas com educação artística e português, mas reconhece que a causa disso era a sua falta de interesse nessas disciplinas, já que ia bem em outras matérias. “Eu tinha uma admiração por ciências em geral, desde matemática até ciências sociais, mas a predileção era por química e física”, conta o bioquímico.

Pesquisa como profissão

O interesse pela pesquisa surgiu para Félix Soares durante a faculdade de farmácia, quando começou a colaborar no laboratório do Acadêmico João Batista Teixeira da Rocha, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), graças à ajuda da professora Cristina Nogueira. “Estava iniciando o curso de farmácia e, na verdade, esses dois professores são até hoje modelos que tenho dentro da carreira científica”, menciona o pesquisador.

Ao final da graduação, o novo membro afiliado chegou a fazer alguns estágios, mas não conseguiu se habituar à rotina do ambiente das empresas. “A vida no laboratório do João e da Cristina era um espetáculo. O convívio com os colegas da iniciação científica e com os demais alunos da pós era quase familiar. Assim ficou fácil decidir por onde seguir. ”

Aprovado nos programas de mestrado das universidades federais de Santa Maria e do Rio Grande do Sul, acabou optando pela segunda, por conta da possibilidade de receber uma bolsa de estudos. Lá, conheceu o Acadêmico Diogo Souza, que o orientou no doutorado. “Eu já conhecia o Diogo, mas não de forma tão próxima e tão direta. Creio que essa decisão foi uma das mais acertadas na minha vida, pois consegui terminar meus estudos junto ao grupo dele e ainda manter colaborações com a professora Cristina”, conta Soares.

Cuidado dentro e fora do cérebro

Após dez anos trabalhando como professor na UFSM, Félix Soares faz parte de um grupo de estudos que se dedica a duas frentes. Uma segue estudos com neuroproteção em roedores, utilizando modelo de trauma crânioencefálico. “Com isso esperamos desenvolver novas drogas para proteção contra danos no cérebro, como traumas, e os males de Alzheimer e Parkinson”, explica o bioquímico.

A outra frente à qual o grupo se dedica é de educação em ciências, influenciado pelo modelo do Acadêmico Leopoldo de Meis. “Atuamos junto ao PPG Educação em Ciências, um programa que envolve a UFSM, a UFRGS e a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e trabalhamos intensamente pela melhoria do ensino de ciências, não só no nosso estado, mas em todo o Brasil, desenvolvendo ações com uma rede de pesquisadores.Dessa forma tenho o privilégio de poder trabalhar com aquilo que mais me encanta, ou seja, mostrar para as pessoas que estudar, praticar e trabalhar com ciências é algo incrivelmente simples e fácil, basta estudar, pensar e ser criativo”, avalia Soares.

“Acredito que o título de membro afiliado da ABC é uma honra que não esperava que pudesse receber. Quero poder contribuir com a Academia sempre que possível”, diz o bioquímico. “Acredito que travar bons debates com os demais Acadêmicos nos encontros será de grande importância. Além disso, acho que toda vez que trabalhamos com ciência em nosso dia a dia estamos ajudando a ABC no desenvolvimento e na difusão da pesquisa em nosso pais”, completa o pesquisador.