“Não importa em que lugar do mundo você esteja, há insetos lá”. Dessa forma o entomólogo Jeremy McNeil iniciou sua palestra na Reunião Magna 2016, um dos eventos comemorativos dos 100 anos da Academia Brasileira de Ciências, realizada no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro entre 4 e 6 de maio.

Amante declarado destes seres curiosos que existem no planeta em maior quantidade do que os mamíferos, por exemplo, McNeil ressaltou algumas das suas características mais importantes, como a produção de alimentos. “Os insetos estão presentes em nosso dia-a-dia na publicidade, por exemplo. Todos conhecem as cores do corpo de uma abelha e as associam com o mel. Desenhos animados também exploram personagens baseados em insetos”, citou.
Apesar de sua defesa pela causa do insetos, McNiel lembrou as ameaças reais que estes animais podem trazer aos seres humanos. “Nós não gostamos de baratas em nossas cozinhas, mas elas são inofensivas. O verdadeiro problema que os insetos causam são as pragas”, afirmou McNeil.
“Os mosquitos, por exemplo, não são maus”, continuou o cientista. “Acontece que nós somos fonte de alimento para eles. Sem nosso sangue, eles não se reproduzem”, informou.
Para controlar as pragas, McNeil afirmou que pesticidas devem ser a última opção. “Quando pulverizamos uma espécie, logo ela se adapta e se torna resistente.”
Mas, segundo o pesquisador, mesmo as pragas, ou seja, insetos que destroem vegetações, podem trazer benefícios, como os tipo que atacam árvores velhas. “Do ponto de vista ecológico, essa espécie é incrível, pois possibilita que novas árvores nasçam. Mas os seres humanos querem árvores bem grandes para poder derrubá-las e fazer papel”, ironizou.
Para o controle das pragas que, de fato, trazem malefícios, McNeil afirma que é necessária a ecologia química, para compreender a rotina e os hábitos dos insetos e, assim, poder desenvolver métodos mais eficazes para controlar as pestes.
“Diferente de nós, humanos, os sentidos dos insetos não se concentram na cabeça”. Entre as alternativas para pesticidas, McNeil cita a produção de maçãs artificiais aromatizadas e cobertas de cola, para atrair insetos voadores e, também, a fabricação de fêmeas artificiais com feromônios e esterilizantes, que atraem os machos e, ao permitirem o contato, introduzem a substância que impedirá a reprodução daí para a frente.