Desde 2006, o Prêmio LOréal-UNESCO-ABC Para Mulheres na Ciência já contemplou 68 jovens pesquisadoras e, no último dia 22 de outubro, sete delas passaram a incluir seus nomes no rol das laureadas. A cerimônia de premiação, que foi especial por comemorar os dez anos do programa, aconteceu no Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e contou com a presença do governador, Luiz Fernando Pezão, do vice, Francisco Dornelles, e do secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca.

Jacob Palis, Karín Menéndez-Delmestre, Aline Cristina de Campos, Elisa Orth, Elisa Brietzke, Tábita Hünemeier, Daiana Silva de Ávila, Cecília Salgado e Didier Tisserand

O prêmio é promovido pela L’Oréal Brasil, Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco Brasil) e Academia Brasileira de Ciências (ABC), e visa reconhecer o trabalho de jovens cientistas mulheres de todas as áreas da ciência, estimulando a presença feminina no ambiente científico. As contempladas recebem uma bolsa de 20 mil dólares para investir em suas pesquisas e seus trabalhos ganham mais notoriedade.

A cerimônia foi, mais uma vez, apresentada pela jornalista e apresentadora da TV Globo Renata Capucci, que ressaltou a importância da edição de 2015, por conta dos dez anos do prêmio. “Mentes inovadoras vão dar continuidade a descobertas essenciais para resolver questões críticas da sociedade. A ciência é crucial para resolver nossos problemas ecológicos, econômicos, humanitários, e todos os projetos premiados até agora contribuíram muito para o avanço da ciência no Brasil”, destacou.

O presidente da L’Oréal Brasil, Didier Tisserand, comentou que a presença da empresa de cosméticos no Rio de Janeiro vai muito além da atividade comercial, industrial e de pesquisa: “Também queremos investir na parte social, na cidade e no país”. Ele ressaltou a importância de aumentar a presença de mulheres na ciência. “Elas ocupam menos de 10% dos postos de direção no mundo”, destacou. “Neste aniversário do prêmio, celebramos as jovens cientistas.”

A coordenadora de Comunicação Social da Unesco no Brasil, Anna Lucia Guimarães, falou em nome do representante desta organização no país, Lucien Muñoz, que não pôde comparecer. “Esta noite é a mais especial de todas que passamos juntas; são 10 anos de premiação. Foram anos de trabalho intenso e difícil da comissão julgadora que, nesse período, analisou nada menos do que 3 mil projetos, de áreas diferentes.”

Anna Lucia lembrou do esforço grande de divulgação para que o prêmio chegue a todas as áreas do país. “Parece que foi ontem que fomos para uma reunião em Brasília, em 2006, para planejar esse projeto, que é uma oportunidade fantástica para que as cientistas possam mostrar seu trabalho.” Ela disse que é entusiasmante poder contribuir concretamente para o trabalho dessas jovens cientistas. “Em um mundo de tantos conflitos, a ciência tem o papel cada vez mais importante de promover mudanças.”

A situação das mulheres cientistas precisa melhorar – elas são apenas 30% dos cientistas em todo o mundo. No Brasil, segundo o CNPq, existe um equilíbrio quando elas estão no início da carreira científica, mas, ao final da carreira, a presença feminina é de somente 20% – elas acabam precisando deixar o trabalho de lado para se dedicar à família. “Uma das vencedoras da edição internacional do prêmio disse que é totalmente irracional e contraproducente que as jovens tenham que brigar para fazer valer igualmente seu trabalho; essa energia tem que estar concentrada na pesquisa”, afirmou Anna Lucia.

O presidente da ABC e do júri do prêmio, Jacob Palis, também comemorou os dez anos da iniciativa. “É uma alegria muito grande para a ABC celebrar este acontecimento muito grande e especial, que é o reconhecimento de jovens cientistas mulheres de grande mérito e que têm o futuro às suas mãos.” Palis enfatizou que a ABC luta, com todo o rigor possível, para que as mulheres ocupem um número cada vez maior dentro da Academia.

“A ABC tem modestos 14% de membros mulheres, mas há poucos anos, eram 8%”, comentou. “Estamos progredindo lentamente, mas estamos à frente da Academia de Ciências da França, em que esse índice é abaixo de 10%, e da Inglaterra, em torno de 5%. Isso nos enche de orgulho, mas temos muito a conquistar, e esse prêmio vai nessa direção.”

A química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Elisa Orth falou em nome das sete laureadas, agradecendo à L’Oréal, Unesco e ABC e parabenizando as instituições por um reconhecimento tão fundamental à pesquisa científica. “A ciência é nosso sonho e dom. Sem dúvida, esse prêmio nos impulsiona e nos motiva a fazer mais, e indica que estamos no caminho certo, dando visibilidade à nossa pesquisa e fortalecendo nosso elo com a sociedade. A ciência não tem gênero, bastam apenas as mesmas oportunidades.”

O programa internacional, For Women in Science, foi lançado em 1998 e é promovido pela L’Oréal e Unesco. Em 17 edições, seis brasileiras já incluíram seus nomes entre as premiadas, todas elas Acadêmicas: Beatriz Barbuy, Belita Koiller, Lucia Previato, Marcia Barbosa, Mayana Zatz e Thaisa Bergmann, vencedora da América Latina e Caribe na edição deste ano.

Thaisa falou em nome das laureadas internacionais: “Através da ciência conhecemos o universo e melhoramos as nossas condições de sobrevivência no planeta. O futuro da humanidade depende da ciência.” A astrônoma aproveitou para conclamar as laureadas a ajudar a mudar o planeta, a partir do “prazer e fascínio de ser uma cientista”. “Fui homenageada com o prêmio internacional; é um reconhecimento maravilhoso do meu trabalho e representa um reconhecimento fora da academia, o que é extremamente valioso perante a sociedade e a família. Só tenho a desejar a vocês que vivam esse momento e trabalhem redobrado para um caminho melhor paro nosso país e nosso planeta. Viva as cientistas!”

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, destacou que promover o prêmio na sede do governo faz refletir sobre o papel da mulher na sociedade. “Somos testemunhas da participação feminina no mercado de trabalho, mas sabemos que não é suficiente. Não podemos prescindir da presença feminina na ciência.”

Pezão comentou que, ao reconhecer o papel das pesquisadoras, a L’Oréal, Unesco e ABC não apenas garantem a continuidade dos projetos, mas dão um sinal à sociedade – de que é preciso ampliar a participação delas em setores estratégicos. “Sentimos muita honra em sediar esse evento e que o Palácio Guanabara seja sempre o seu palco de entrega.”