O interesse pela ciência surgiu para José Tasso Félix Guimarães na adolescência, enquanto surfava nas praias do litoral paraense. Doutor em oceanografia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), o pesquisador é um dos novos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – Regional Norte para o período 2015-2019.
Nascido em Belo Horizonte (MG), o menino foi para Belém aos quatro anos de idade, com a mãe, o pai e o irmão mais velho, que alguns anos depois se formaria em arquitetura e urbanismo.
Apesar das dificuldades financeiras passadas durante a juventude, Guimarães conta que os pais conseguiam comprar-lhe livros e pagar parte das mensalidades das escolas particulares, onde sempre foi bolsista.
Interessado por geografia, história e biologia, gostava de jogar futebol e, quando entrou na adolescência, começou a se interessar pelo surf.
Do litoral para a floresta
Os processos naturais que Guimarães via na praia, como o movimento das ondas e a formação das estruturas geológicas e dos mangues, o estimularam a estudar ciências naturais e a prestar vestibular para oceanografia, mesmo sem conhecer muito bem a grade curricular.
Entrou no curso da Universidade Federal do Pará (UFPA) e logo ingressou na iniciação científica como forma de aperfeiçoamento e também pelo auxílio da bolsa oferecida, pois o orçamento de sua família era bastante apertado.
Logo após a graduação começou o mestrado, levado por uma motivação prática: a melhor oportunidade de emprego na área das ciências biológicas no Pará seria como pesquisador. Durante o mestrado, no entanto, Guimarães afirma que seu “senso de responsabilidade aumentou” e conseguiu o título de doutor “com distinção”.
Do litoral onde a curiosidade científica surgiu, Tasso Guimarães foi para o interior da floresta amazônica, onde estuda “os efeitos das mudanças climáticas e ambientais no desenvolvimento da vegetação amazônica durante os últimos 20 milhões de anos”. Guimarães explica que essa análise é possível a partir de “pequenas mudanças morfológicas “como o fechamento de um braço de rio, assim como grandes mudanças associadas ao surgimento de cadeias de montanhas”.
Esporte e ciência: paixões em harmonia
Tasso Guimarães considera a indicação como membro afiliado da ABC um passo a mais no seu desenvolvimento profissional e uma prova de reconhecimento do seu trabalho pela comunidade científica.
Por conta da rotina puxada, Tasso Guimarães diz que não tem mais tempo para o surf, a não ser nas férias. Porém, mantém os treinos de musculação, corrida e bicicleta – e gosta de treinar ouvindo música eletrônica e heavy metal. Também ouve reggae roots e indie rock; gosta de livros sobre espiritismo e filmes de ação, mostrando que a vida do cientista não se limita a ficar trancado em um laboratório.