Eduardo Büchele Rodrigues tem como destaque no seu currículo a publicação de mais de 100 artigos científicos em revistas Internacionais de impacto, como Archives of Ophthalmology, American Journal of Ophthalmology e Retina. É um dos editores do principal livro internacional sobre o uso de medicamentos no tratamento de doenças da retina – “Retinal Pharmacotherapy”, lançado em 2010 pela editora médica Elsevier.
Além disso, é editor-chefe da Revista da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e realizou mais de 150 apresentações de trabalhos em congressos nacionais e internacionais, tendo recebido 18 prêmios em congressos por apresentação de trabalhos, incluindo o prestigioso Paul Kayser Award, da Associação Pan-americana de Oftalmologia. É, ainda, membro de diversas sociedades médicas da área. Para todas essas conquistas, Eduardo teve o apoio da esposa, com quem compartilha o gosto pela música clássica, pelo xadrez e, recentemente, o amor pelos dois filhos.
Eduardo é o mais velho de quatro irmãos, criados em Florianópolis, Santa Catarina. O pai era empresário, a mãe professora. O menino gostava de jogar futebol e videogame, assim como de atividades de raciocínio, como cálculo, jogo da memória e xadrez. “Aos cinco anos já sabia a tabuada, ensinada por meus avós, e sabia o nome de todas capitais do mundo. Sempre gostei de estudar e aprender coisas novas”, rememora.
Na adolescência, precisou usar óculos e foi ao oftalmologista pela primeira vez para uma consulta. Lá descobriu como o olho é interessante e decidiu que seguiria aquela profissão. Entrou para o curso de oftalmologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde travou contato com colegas muito inteligentes e dedicados. Teve também, segundo ele, grandes professores na graduação, na residência médica e na especialização em Doenças e Tumores da Retina que realizou no Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos, na Universidade Federal de Goiás.
Após a especialização, Rodrigues foi para a Alemanha, continuar sua pós-graduação na Philipps-Universitaet Marburg. Realizou treinamento em tumores oculares no Wills Eye Hospital, nos Estados Unidos, vinculado a Thomas Jefferson University. Realizou doutorado e realiza pós-doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Dos mais de dez “tutores” que teve durante seu treinamento e estudos, Eduardo Rodrigues identificou algumas características comuns a todos, que procurou absorver ao máximo: a capacidade de trabalho, dedicação total, paixão pela sua atividade profissional e a percepção rápida das características das pessoas ao seu redor, ou seja, a facilidade em “conhecer as pessoas”.
Seu interesse pela pesquisa médica surgiu na residência, realizada no Hospital Regional de São José, quando percebeu que muitos tratamentos de doenças oculares e técnicas cirúrgicas precisavam de melhorias. “O único caminho para o progresso da medicina é pela ciência, e este é o meu caminho”, declara Rodrigues.
Hoje, Eduardo Rodrigues é professor afiliado de oftalmologia da Unifesp. Seu trabalho como pesquisador abrange atualmente três áreas: a primeira trata da investigação de materiais e produtos que podem melhorar a cirurgia ocular, como pinças cirúrgicas, corantes e equipamentos para trabalhar na retina durante a cirurgia. “Sou autor da patente mundial do uso de um pincel para corar tecidos oculares em cirurgia”, relata o cientista.
Outra de suas linhas de estudo envolve a descoberta de novas drogas, como anticorpos e anti-inflamatórios, que possam ser usadas no tratamento de doenças do fundo do olho. A terceira linha de pesquisa que seu grupo realiza na Unifesp relaciona-se com novas aplicações ou invenções de equipamentos diagnósticos como, por exemplo, a tomografia da retina. “O equipamento já existe, mas recentemente nosso grupo descobriu, paralelamente a um grupo holandês, que a tomografia de retina pode detectar retinopatia diabética antes dos métodos usados atualmente, que utilizam injeção de contraste na veia”, explica Rodrigues. Ele conta que estes resultados possibilitarão um alerta e uma orientação mais rigorosa do controle da glicemia em diabéticos, o que pode prevenir cegueira futura.
Além de pesquisador e professor, Eduardo Rodrigues trabalha como médico oftalmologista em uma clínica especializada em diagnóstico e tratamento de doenças da retina, onde tem oportunidade de ajudar muitas pessoas. “É fascinante poder dar alguma contribuição para o progresso da medicina, e saber que algumas ou muitas pessoas poderão enxergar melhor como consequência”, relata. O Acadêmico também considera estimulante saber que ainda ha muitos obstáculos e doenças do olho – e mais especificamente da retina -, que precisam de descobertas. “Este é o oxigênio que nós, médicos pesquisadores, usamos para manter a garra e motivação.”
A eleição para membro afiliado da ABC o deixou muito contente, especialmente por saber que terá a oportunidade de conhecer outros expoentes da medicina e de outras áreas da ciência. Ele acredita que métodos e aplicações de outras áreas do conhecimento podem, muitas vezes, serem “importados” para a medicina. E a interação multidisciplinar é, certamente, uma das grandes riquezas que a ABC tem a oferecer.