Tendo em vista contribuir para esclarecer a questão do uso da palavra “olimpíada” em eventos científicos e educacionais, o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Manuel Rebelo Fernandes, sugeriu ao presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, uma reunião na ABC.
No final da tarde de 29 de janeiro reuniram-se na sede da Academia os próprios organizadores – Fernandes e Palis, – e compareceram a diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Maria Lucia Maciel, o diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) César Leopoldo Camacho, o presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) Vitor Francisco Ferreira e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.
Palis solicitou a Camacho que fizesse um breve relato sobre a Olimpíada Brasileira de Matemática para as Escolas Publicas (OBMEP) e este ressaltou o sucesso dessa iniciativa, apontando sua abrangência nacional, com a participação de mais de 19 milhões de alunos de escolas públicas oriundos de quase todos os municípios e quase todas as escolas publicas do país. Destacou ainda que os melhor classificados recebem uma bolsa de iniciação científica júnior e orientação até entrarem na universidade, quando passam a receber uma bolsa de iniciação científica e, paralelamente a outros cursos de graduação, podem fazer um mestrado em matemática em dois anos. Recebem, ainda, diploma e medalha, em cerimônias que têm sido realizadas no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a presença da Presidenta Dilma, tratando-se portanto de uma olimpíada com grande impacto científico e social.
Vitor Ferreira explicou então a importância da Olimpíada Brasileira de Química, cujos participantes mais bem classificados são enviados para a Olimpíada Internacional, o que também ocorre em relação a outras olimpíadas científicas – como a de matemática, física e diversas outras áreas, contribuindo para ressaltar positivamente a presença brasileira no cenário internacional.
Nuzman explicou que o Brasil é signatário do Tratado de Nairóbi, que regulamente as atividades das olimpíadas e dos jogos olímpicos. Informou que o proprietário do termo “olimpíadas” não é o COB e sim o Comitê Olímpico Internacional (COI), mas que o COB tem que zelar pelo logotipo e pela não-exploração comercial do termo “olimpíada”. Disse também que seria interessante, para melhor explicar a posição do COB sobre o assunto, ter dados mínimos sobre as olimpíadas internacionais científicas e educacionais de que o Brasil participa, indicando quais são elas, desde quando existem, o número de países participantes e, na medida possível, como são organizadas. A ABC contará com o apoio da SBPC para entrar em contato com as Sociedades Científicas, solicitando a colaboração das mesmas para obtenção destes dados. Muitas destas olimpíadas científicas, certamente, satisfazem as condições indicadas.
Nota do presidente da Academia Brasileira de Ciências: Julgamos que os esclarecimentos do Dr. Nuzman podem ser úteis aos organizadores de nossas olimpíadas científicas e educacionais. Por outro lado, não entendemos que o patrocínio parcial ou total de eventos científicos e educacionais por fundações privadas represente necessariamente exploração comercial da palavra “olimpíada”. ( Jacob Palis)