A nomeação de Marco Antonio Raupp para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação foi recebida com festa pela comunidade científica. Matemático, físico e com passagem na direção de diversas instituições de pesquisa, ele chega ao comando da pasta com o desafio de garantir um aumento significativo de seu orçamento – que teve um corte de 22,3% em 2011 em relação a 2010.

Presidente da Academia Brasileira de Ciências, o matemático Jacob Palis lembra que um documento recente, apresentado pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, estabelece que o ministério tenha como meta aumentar sua receita de 1,2% para 1,8% do PIB até 2015.

– O ministro Aloizio Mercadante reivindicava que uma parcela dos recursos do pré-sal fosse investido em ciência, tecnologia e inovação. Raupp herdará este compromisso difícil – avalia. – É um homem competente, que tem experiência em gestão e receberá uma equipe primorosa, quase toda formada por acadêmicos.

Missão de manter pesquisa em alta

Outra missão do novo ministro, segundo Palis, será manter a curva ascendente da pesquisa brasileira. Em novembro de 2010, o país tornou-se o 13º maior produtor de ciência do mundo, segundo relatório da Unesco. Em oito anos, subiu quatro posições.

– Percentualmente, só China e Japão tiveram um crescimento maior – lembra Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe-UFRJ. – Temos, hoje, um modelo bem-sucedido de desenvolvimento da pós-graduação no país. Raupp saberá manter essas diretrizes, porque ele conhece muito bem os institutos vinculados ao ministério.

Pesquisas têm que gerar ganhos para a sociedade

Para Senra, o país está na trilha certa pelo conhecimento, mas ainda não sabe como usar essas pesquisas para gerar produtos úteis à sociedade.

A vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Dora Ventura, também recebeu com “muita simpatia” a nomeação de Raupp. Para ela, o “olhar histórico” do novo ministro sobre o setor que representará deve fazer com que ele retome as políticas públicas da pasta, que sofreram com a crise econômica internacional:

– Essa inflexão negativa, a partir da crise mundial, teve reflexos no nosso país. Mas essa fase já está praticamente superada. Raupp tem conhecimento das necessidades da área e o conhecimento das potencialidades, dos equipamentos aos recursos humanos.

Fiocruz elogia as últimas gestões da pasta

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha Vieira, também elogiou Raupp:

– As duas últimas gestões (do MCTI) foram muito felizes, com direções promissoras e bem mais claras para a formulação de projetos, com a participação intensa da comunidade científica – disse.