O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat) João Carlos de Souza Maia, doutor em Engenharia Agrícola, comentou em sua apresentação no evento “Ciência, Tecnologia e Inovação na Amazônia”, da Academia Brasileira de Ciências, realizado no dia 15 de julho de 2010, em Porto Velho, que na 4a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação (4ª CNCTI), realizada este ano em Brasília no mês de maio, o papel das FAPs foi muito valorizado e fortalecido. “Foi consenso que as Fundações de Amparo à Pesquisa têm que estar incluídas numa política de Estado e não de governo”.

Para Souza Maia, o maior desafio para a Fapemat atualmente é promover a articulação entre academia e sociedade. “Essa interação mais intensa certamente vai acelerar o desenvolvimento regional sustentável”, observou. A proposta básica da Fundação é investir na transformação do conhecimento local em valores econômicos, sociais e ambientais. Para isso, precisamos promover a articulação entre as universidades e institutos de pesquisa com os diferentes setores da economia. Precisamos de projetos inovadores que melhorem a produção e produtividade em todas as áreas”.

Maia sabe que isso depende de recursos humanos qualificados e está atento a esse aspecto. Instituída por lei em 1994, a Fapemat só foi instalada em 1997. Ele conta que nessa época, quando se conseguia atrair doutores para trabalhar no Mato Grosso era por um período curto. “Eles ficavam dois ou três anos e iam embora, em função da falta de infra-estrutura”. Em 13 anos de atuação da Fapemat, o número de doutores aumentou de 72 para 1.100. As políticas de fixação de doutores também mudaram. “Para ampliar a massa crítica do estado precisamos ampliar os conhecimentos”, afirmou Souza Maia. Para tanto, a Fundação investe em divulgação científica, em bolsas de iniciação científica para alunos de graduação e também do ensino médio.

As redes de pesquisa são as ferramentas estratégicas da Fapemat. “É onde concentramos mais recursos e onde temos obtidomais resultados práticos”, conta o engenheiro. A Fundação atua hoje nas redes Bionorte e Procentroeste, sobre biodiversidade e biotecnologia, respectivamente; na Rede Malária e na Rede Dengue; na Repensa Brasil – voltada para a sustentabilidade e agrobiodiversidade da agropecuária brasileira – e no Sisbiota, focado na biodiversidade nacional. Apoia ainda diversas outras redes, como a Ridesa, de pesquisa interuniversitária para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro e outras de agricultura de precisão, de pesquisa em museus, de pesquisa em tecnologias da madeira, de pesquisa e tecnologias em arranjos produtivos como fruticultura, arroz, feijão e couro.

Em relação à inovação, Souza Maia destacou o Programa Inova Mato Grosso, desenvolvido com o apoio da Finep Inovação Tecnológica. “Oferecemos cursos para os empresários e pesquisadores sobre propriedade intelectual, visando criar a cultura da inovação nas empresas”. Ressaltou também a importância do Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas e Médias Empresas (Pappe) e o Programa Matogrossense de Transferência de Tecnologias.

Os casos de sucesso mais destacado envolvem, entre outros, a produção de algodão do país: 50 % dela hoje vêm do Mato Grosso. A Fapemat também apoiou a primeira planta de usina de biodiesel no país, criada para a utilização do óleo da soja no composto de diesel para caminhões e ônibus. O aproveitamento de resíduos de côco da Bahia também teve início como um projeto apoiado pela Fundação, assim como um projeto pioneiro de monitoramento de veículos via celular.

A estratégia básica da Fapemat, assim como de todas as FAPs, é de oferecer os recursos da Fundação como contrapartida aos recursos disponibilizados pelos parceiros. “Dinheiro atrai dinheiro. Se a Fundação entra com 500 mil, a Finep põe um milhão, o CNPq mais um outro tanto e conseguimos quadriplicar os recursos para financiar os projetos vencedores dos editais. É assim que funciona”, explicou Souza Maia.