O diretor do Museu Nacional, Sérgio Azevedo, e o Acadêmico Alexander Kellner, pesquisador da instituição e editor dos Anais da ABC, promoveram a inauguração da exposição Fósseis do Continente Gelado – o Museu Nacional na Antártica, no dia 7 de dezembro, realizada com o apoio do CNPq e da Faperj.

Na cerimônia de abertura, o comandante do navio Ary Rongel, José Carlos Parente, foi homenageado pela sua colaboração e dedicação à equipe do projeto Paleontar. “Foram grandes momentos proporcionados pelo grupo do Prof. Alexander, que marcaram minha experiência de anos na Antártica. Implantamos o maior acampamento já feito na ilha James Ross, que é o lugar mais bonito que já conheci na região, mas de difícil acesso. Foi inesquecível”. A principal função do navio de apoio oceanográfico Ary Rongel é prestar apoio logístico à Estação Antártica Comandante Ferraz e aos demais projetos do Proantar.

De acordo com Kellner, essa exposição nasceu da iniciativa de um grupo de pessoas que tinha o sonho de conhecer uma das regiões mais inóspitas do planeta. “O objetivo do projeto Paleoantar foi buscar evidências dos organismos que viveram no continente gelado há milhões de anos”, explicou o paleontólogo. E o material coletado na expedição à ilha James Ross – plantas, animais vertebrados e invertebrados de aproximadamente 70 a 80 milhões de anos – confirmou que a Antártica um dia já foi uma floresta, cercada por mar, com clima mais ameno e temperaturas acima de zero graus. No mar viviam répteis estranhos, como o plesiossauro, e diversos peixes, como tubarões extintos. Essas descobertas claramente demonstram que a Antártica abriga muito mistério sob o gelo.

Por que fazer pesquisa na ilha de James Ross? A equipe escolheu o local por dois motivos básicos. Primeiro, apesar de escassos, já havia registros de fósseis na região. Assim, as rochas da ilha tinham um forte indício de potencial para novas descobertas. Além disso, a ilha James Ross é o ponto mais ao sul que um navio brasileiro pode atingir para montar um acampamento – e o primeiro foi o do projeto Paleoantar.

Depois de 72 dias, a equipe de pesquisadores e técnicos regressou ao Rio de Janeiro, no dia 7 de março de 2007. Dos 37 dias acampados, somente durante 19 houve possibilidade de coletas de fósseis e rochas, devido a repentinas tempestades que impediam os trabalhos.

A maior dificuldade em trabalhar na Antártica não é o frio, mas o vento constante. No dia da retirada do equipamento, por exemplo, o navio não teve condições de chegar ao local do acampamento porque o vento havia empurrado centenas de icebergs para o canal Príncipe Gustavo, que margeia a ilha James Ross, tornando a navegação impossível. Por sorte, houve condições do acampamento ser retirado por helicópteros, em 41 vôos que carregaram sete toneladas e meia no total.

Na exposição fica bem claro que, mesmo com todas essas dificuldades, é fundamental que o Brasil continue com suas pesquisas na Antártica, Apenas quem estiver presente na região poderá ter alguma coisa a dizer sobre o futuro do continente gelado, uma das últimas fronteiras a serem desvendadas pelo homem. Para tanto, o Brasil precisa ter um navio quebra-gelo, cuja falta limita muito a pesquisa na Antártica, ao contrário das excelentes condições dos programas antárticos de diversos países, incluindo a Argentina e o Chile.

Toda essa história está contada no Museu Nacional, até o dia 30 de abril de 2010, de terça a domingo, das 10h às 16h. A entrada custa R$ 3,00 para pessoas de dez a 60 anos. Crianças entre seis e dez anos pagam R$ 1.