Um grupo de onze professores de física de escolas e centros tecnológicos federais de diferentes cidades brasileiras se prepara para viver uma experiência ímpar: conhecer de perto os laboratórios e projetos científicos do maior e mais respeitado centro de pesquisas em Física do mundo, a Organização Européia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em francês).

Instalado perto de Genebra, na fronteira da Suíça com a França, o CERN é responsável pelo gerenciamento do mais ambicioso empreendimento científico e tecnológico da atualidade, o grande acelerador de partículas, ou simplesmente LHC (do inglês Large Hadrons Collider), como é mais conhecido. O experimento, que envolve a participação de mais de 35 países e um volume de recursos da ordem de alguns bilhões de dólares, será capaz de reproduzir fenômenos físicos observáveis apenas em altíssimas escalas de energia e vai ajudar a elucidar questões que intrigam os físicos ainda hoje.

Além de organizar a cooperação internacional no campo da física de partículas – sua principal missão -, o CERN promove diferentes programas de educação junto à comunidade européia, com o objetivo de estimular, entre professores e jovens de variados níveis de formação, novas idéias sobre a física levada para a sala de aula.

Para Ronald Shellard, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), “a idéia é que ao conhecerem os projetos dos laboratórios do CERN e, por extensão, um pouco mais sobre a física de partículas, professores e estudantes possam atuar como multiplicadores de novas abordagens da física em seus países”.

O pesquisador acrescenta que a integração de brasileiros ao Programa do CERN para Professores foi sugerida pelo coordenador da colaboração portuguesa no CERN, Pedro Abreu, do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP/PT), e contou com o apoio do CBPF – dirigido pelo Acadêmico Ricardo Galvão -, da SBF, cujo presidente é o Acadêmico Celso Pinto de Melo, e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Segundo Shellard, a iniciativa tem dupla missão: “ampliar a participação e o envolvimento da comunidade de língua portuguesa em programas científicos de grande porte e motivar os jovens brasileiros, por meio de seus professores de física, a seguir carreiras científicas e a aproximar-se dos grandes projetos de colaboração científica”.

Oferecido integralmente em língua portuguesa, o curso, que começa no dia 30 de agosto, inclui seminários, realização de experimentos e visitas aos laboratórios do centro de pesquisas europeu. Durante cinco dias, os professores – que serão acompanhados por pesquisadores brasileiros já engajados em atividade científica no CERN – terão reforço nos conteúdos de Física moderna, em especial Física de partículas, cosmologia e em tecnologias avançadas nesses campos de estudo. “Essas temáticas tornam necessária a formação contínua dos professores e são cada vez mais exigidas por alunos do Ensino Médio”, explica Nilson Garcia, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e secretário para Assuntos de Ensino da SBF, também envolvido no projeto.

Professores de Física em escolas de Florianópolis (SC), Curitiba e Toledo (PR), Jataí e Inhumas (GO), Natal (RN), Pelotas (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), os onze participantes dessa primeira edição brasileira do Programa do CERN para Professores foram escolhidos por uma comissão da SBF que analisou cerca de 40 propostas que atenderam ao edital de seleção, aberto apenas durante uma semana.

Os professores receberam apoio do MCT para a viagem e do CERN, bem como das suas próprias instituições, para as despesas de hospedagem e alimentação.