A qualidade da graduação da USP está no centro das preocupações dos candidatos a reitor, que começam a pedir votos para a sucessão da reitora Suely Vilela, no final deste ano.

Estão em campanha Armando Corbani (pró-reitor de pós-graduação), o Membro Titular da ABC Glaucius Oliva (diretor do Instituto de Física de S. Carlos), João Rodas (diretor da Faculdade de Direito), Ruy Altafim (pró-reitor de cultura) e Wanderley Costa (coordenador de Comunicação Social).

Entre os problemas apontados na graduação está o currículo, considerado defasado por não permitir interação dos alunos com diversos cursos da universidade.

Como a USP não participa do Enade, exame federal, não é possível comparar seus cursos com outras instituições. Um ponto unânime entre os cinco é que a reitoria deve ampliar os canais internos de negociação com sindicatos e alunos, para evitar casos de radicalização que culminaram, por exemplo, com o confronto contra a Polícia Militar no campus neste ano.

As normas não permitem reeleição. Segundo a Folha apurou, a reitora vai, nos bastidores, apoiar Corbani. Abaixo, um resumo das entrevistas dos candidatos.

Propostas

Armando Corbani – A graduação é boa, mas precisa de um salto. Precisa flexibilizar ao menos parte do currículo, para que o aluno tenha formação interdisciplinar. O mercado hoje não quer só competência específica. Outra proposta é incentivar redes temáticas de pesquisa.

Glaucius Oliva – A graduação precisa ser valorizada. Todos os cursos terão verba para visitar os melhores do mundo, para conhecer os programas. Não pode ser mais só o professor falando. E proponho uma secretaria que atenda as demandas de políticas governamentais.

João Rodas – A reitoria deve supervisionar as grandes linhas acadêmica e administrativa da universidade, além de se concentrar naquilo que, por ser uma autarquia, somente ela pode fazer. Por exemplo, buscar suplementações orçamentárias com BNDES ou Banco Mundial. Fica para as unidades a condução dos seus destinos.

Ruy Altafim – Proponho elaborar plano de governo de longo prazo. A partir do que já foi feito por comissão específica, devemos ouvir a comunidade. O segundo ponto é sobre a gestão. Avançamos, mas precisamos continuar. Temos competência dentro da universidade para traçarmos diretrizes para um plano de gestão.

Wanderley Messias – As negociações na universidade, por parte da reitoria, precisam ser feitas por comissões profissionais. Em negociação salarial, por exemplo, precisa haver membros que conheçam política. E precisamos diminuir o tamanho da reitoria. Os procedimentos são muito centralizados. Os processos para internacionalização, por exemplo, podem ser feitos nas unidades.

Problemas da USP

Corbani – Não há grandes problemas. Como falar em problema se a USP é a maior do país na pós-graduação, forma bem seus alunos na graduação, apesar de ser necessário melhorar? OLIVA – Há incompatibilidade entre atividade acadêmica e legislação pública. Outro desafio é o de recurso. Dependemos quase só do financiamento público. Precisamos diversificar.

Rodas – Não há um real diálogo na USP. Muitas vezes há discussões, mas sem interlocutores, pautas e prazos. As partes não têm uma ideia do que a média da universidade pensa.

Altafim – Falta discutir mais questões como o ensino a distância, fundações privadas e mudanças na carreira docente. São pontos polêmicos, que demandam amplo debate.

Costa – A crise está na incapacidade de transpor a nossa excelência para melhorar a política universitária e a gestão. Já a graduação ficou como primo pobre. Há salas lotadas e cursos quase interdisciplinaridade.