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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Rogério Meneghini

(MENEGHINI, R.)

18/12/1940
Brasileira
24/05/1996

Seu pai, Mario Meneghini, era um virologista vegetal que trabalhava no Instituto Biológico de São Paulo, na época do apogeu da Instituição, tendo descoberto que a tristeza dos laranjais era transmitida por um vírus. O entusiasmo do pai por pesquisa já contagiou desde cedo o jovem Rogério, que aos 16 anos balançava entre ser piloto da aviação e um pesquisador científico. Provavelmente a forte atração por Química fê-lo decidir-se pela segunda opção e escolher a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP para realizar o curso de Bacharelado em Química, que terminou em 1964. Durante o curso ficou fortemente atraído por Biologia Molecular e a recente descoberta da estrutura do DNA. Teve a oportunidade de ingressar no grupo de Francisco Lara, um dos poucos biologistas moleculares naquela época no Brasil, e conduzir trabalhos de tese de doutoramento, defendida em 1969, e que propiciaram a primeira evidência bioquímica de um processo de amplificação gênica.
Posteriormente passou dois anos nos Estados Unidos, de 1972 a 1974, realizando pós-doutoramento. Trabalhou em Stanford com Philip Hanawalt na elucidação de mecanismos de reparo pós-replicação em células de mamíferos. Surgiram então as primeiras evidências de um processo de recombinação gênica em células somáticas. Propôs um mecanismo de “bypass” replicativo da DNA polimerase, quando o “template” possui uma lesão e que teve a satisfação de ver confirmado em trabalho recente publicado no Proceedings from the National Academy of Sciences”, com o devido crédito à proposta original.
De volta ao Brasil, obteve os primeiros resultados de que os efeitos citotóxicos de luz eram mediados pela formação de espécies ativas de oxigênio. O interesse de seu grupo passou a concentrar-se em como estas espécies produziam danos do DNA, causando mutação e transformação maligna. Em 1984 publicou vários trabalhos propondo um modelo em que íons de ferro ligados ao DNA eram responsáveis pela formação de radicais que atacam o genoma. Esses trabalhos e os próximos que se seguiram tiveram significativa repercussão internacional e levou-o a ser considerado “key contributor in biochemistry” no ano de 1988 pelo “Atlas of Science from the Institute of Scientific Information” dos Estados Unidos.
É de sse destacar também que em 1977 obteve evidências de que ao longo do DNA existem, numa baixa frequência, “linkers” de RNA, de função ainda desconhecida. Este trabalho, publicado na revista Nature, é discutido por Arthur Kornberg em seu livro texto “DNA Replication”.
Ao longo deste período formou 10 doutores que são hoje docentes-pesquisadores nas principais universidades brasileiras e em uma americana. Foi também supervisor de 05 pós-doutorados.
Ademais de intensa atividade científica tem feito pesquisa na área de produção científica, tendo publicado vários trabalhos e participado de vários congressos nacionais e internacionais sobre o tema. Uma possível consequência desta atividade foi sua indicação para dirigir o processo de avaliação departamental que está ora em curso na USP.
É divorciado, tendo duas filhas do primeiro casamento, Flávia e Lucia, e um filho do segundo, Tiago. Suas atividades não- profissionais preferidas são cinema, “jogging” e conversação com um bom grupo de amigos.