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Ciências da Terra | MEMBRO TITULAR

Reinhardt Adolfo Fuck

(FUCK, R. A.)

03/04/1940
Brasileira
15/03/1993

Nascido em Linha Serraria, Piratuba, Santa Catarina, em abril de 1940, realizou os estudos fundamentais em povoados longínquos nas serrarias catarinenses e gaúchas, ao sabor das andanças do pai, mestre-escola do interior, a intervalos também viajante e contador. Completados os estudos secundários em Panambi e Ijuí, cursou a então Escola de Geologia, Universidade do Rio Grande do Sul, onde também foi iniciado em pesquisa com J. Goñi e P. Delaney. Geólogo formado em 1963, foi contratado pelo Governo do Ceará para atuar em levantamento geológico e locação de poços de água subterrânea. Embora curta a experiência, foi a oportunidade inigualável de conhecer uma realidade distinta da vivida na infância e juventude e de abrir os olhos, o coração e a mente para a vastidão e a diversidade do Brasil, além de encontrar a esposa Isaurinha.
Em agosto de 1964, passou a integrar a equipe da Comissão da Carta Geológica do Paraná, uma iniciativa do Governo do Estado, em convênio com a Universidade Federal do Paraná. Em associação com J. Bigarella, R. Salamuni, E. Trein, A. Muratori, J. Lopes, O. Marini, J. Rivereau e outros, participou do levantamento sistemático do leste paranaense. Dezenas de folhas geológicas 1:50.000 e 1:70.000 foram publicadas, ainda hoje úteis em programas de exploração mineral e atividades de planejamento. A riqueza dos dados levantados deu origem à publicação de numerosos trabalhos, que alargaram o conhecimento da geologia pré-cambriana e paleozóica do Paraná.
A experiência amadureceu a decisão de realizar um sonho há muito acalentado: o engajamento na docência e na pesquisa. O convite da Universidade de Brasília foi prontamente aceito, e, a partir de fevereiro de 1969, integrou-se ao corpo docente do curso de Geologia da UnB. Paralelamente, inscreveu-se no doutorado da USP, concluído em 1973, com uma tese sobre as rochas alcalinas de Tunas, Paraná, sob a supervisão de J. Moacyr Coutinho.
A fase inicial na UnB foi agitada, porém muito estimulante. O curso de Geologia, como de resto toda a Universidade, passava por profundas mudanças na estrutura, corpo docente, currículos e programas, a par da implantação de laboratórios, reformulação de linhas de pesquisa e adoção de novas metodologias de trabalho. O curso rapidamente adquiriu notoriedade pela qualidade dos seus alunos, fato que, aliado à consolidação das linhas de pesquisa, levou à implantação do curso de pós-graduação. A idéia inicial de dedicação à petrologia foi abandonada em favor dos estudos de geologia regional nos extensos terrenos pré-cambrianos de Goiás. Os trabalhos centraram-se em levantamento geológico de áreas- chave, com a participação de alunos e docentes. Da parceria frutífera com M. Dardenne, J. Danni, O. Marini, O. Leonardos, H. Jost e muitos outros colegas e estudantes, resultaram dezenas de trabalhos que contribuíram para o conhecimento da extraordinária diversividade de ambientes geológicos do Centro-Oeste. A incorporação de ferramentas como litogeoquímica, geocronologia e análise estrutural permitiu esclarecer alguns dos eventos mais importantes da complexa história geológica de mais de 2 bilhões de anos registrada na crosta continental de Goiás.
Nos anos mais recentes, com M. Pimentel, vem investigando a crosta juvenil do oeste de Goiás, resultante da destruição de um vasto oceano que, há cerca de 900 milhões de anos, separava as áreas continentais hoje representadas pelos terrenos antigos da Amazônia e de Minas Gerais e Bahia.