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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Mario Ulysses Vianna Dias

(VIANNA DIAS, M. U.)

26/04/1914
Brasileira
26/06/1951

MUVD tendo perdido seu pai em 1918, mudou-se com sua mãe e dois irmãos para Petrópolis (1919); aí fez cursos no Colégio S. Vicente de Paulo (hoje Museu Imperial). Em fevereiro de 1929, viagem a Ouro Preto, com sua tia pintora Regina Veiga Vianna e primos, despertou-lhe interesse pelas Ciências Naturais: da Mineralogia chegou à Biologia. Na falta de curso superior desta Ciência, optou pela Medicina; entra na Faculdade, no Rio, em março de 1931, em turma de 530 colegas. Fora o conhecimento de poucos mestres de relevo, a impressão do curso foi decepcionante. Assistiu aula prática de Patologia Geral, dada pelo Catedrático, que mediu o pH da urina, dando valor de pH 1,5 … Dois cursos dados fora da Faculdade, marcaram-lhe o interesse pela Fisiologia: o de Miguel Ozório de Almeida sobre Tônus nervoso e muscular (1932) e o de Thales Martins: Fisiologia da hipófise anterior e gônadas (1933). Sua vida profissional teve início em novembro de 1933, quando começou a trabalhar no laboratório de Miguel Ozório de Almeida em Manguinhos, levado por Paulo Carneiro. Logo a seguir teve Haity Moussatché como companheiro de laboratório, trabalhando na crioepilepsia (convulsão produzida pelo resfriamento na medula espinhal da rã), tema do qual se ocupou até sua remoção de Manguinhos (1972). Poder trabalhar nesta instituição era seu velho sonho: no ginásio em Petrópolis, na Biblioteca Municipal, havia lido a biografia de Oswaldo Cruz escrita por Ezequiel Dias. Com problemas materiais de vida, aceitou emprego que lhe foi oferecido por Arthur Moses, para trabalhar com Rodolpho Von Ihering, no Nordeste. Interrompeu o curso de Medicina e o estágio em Manguinhos por 2 anos (1935-1937). Este estágio no Nordeste, com o convívio de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e trabalhos de pesquisa que realizou e publicou, deu-lhe formação, no laboratório e campo, que jamais poderia obter no curso universitário. Em fevereiro de 1937, volta ao Rio, retorna ao curso médico, que concluiu neste ano, e, o mais importante, retorna ao seu estágio (não remunerado) no laboratório de Fisiologia de Miguel Ozório de Almeida. Manguinhos, na verdade, constituía “sua casa”, onde se formou em Ciência, e, profissionalmente, em Fisiologia e Farmacologia. Dada sua amizade com Carlos Chagas Filho, freqüenta o Instituto de Biofísica desde o tempo de sua criação, onde além de vínculos de amizade, estagia por duas vezes: em 1947 com G.L. Brown, e, 1951, com Carl Pantin. Em 1948-1949 como bolsista do British Council, trabalha no National Institute for Medical Research (Hampstead, Londres), no laboratório de G.L. Brown. Estuda o mecanismo de ação de curarizantes, despolarizando ou não a placa motora. Sua atividade em pesquisa científica foi quase toda em Neurofisiologia e Farmacologia. Estudou a crioepilepsia (em colaboração com Miguel Ozório de Almeida e H. Moussatché) e também outras formas de convulsões, principalmente as de origem cortical, por excitação elétrica ou farmacológica de diferentes fármacos. Fez pesquisas de Fisiologia Comparada: organização do córtex cerebral motor de mamíferos silvestres brasileiros, como: preguiça, tamanduá e procionídeos. E, por fim, o efeito central de anestésicos locais, induzindo em mamíferos aumento do tônus muscular, configurando reação semelhante à da rigidez de descerebração. Com Carl Pantin, estudou, por duas vezes (1951 e 1953) no Instituto de Biofísica e em Manguinhos, reações da musculatura de actíneas e medusas. Em 1972, foi desligado de Manguinhos e transferido para o Hospital Pinel, pelo Ministro F. da P. Rocha Lagoa que, em 1970, conseguiu cassar seus dez outros colegas (“Massacre de Manguinhos”). Teve atividade de magistério: Professor Titular de Fisiologia, por concurso, na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1946-1984) e na Faculdade Fluminense de Medicina (1957-1990). Em ambas, foi-lhe dado o título de Professor Emérito. Em 1951, obteve o título de Doutor em Ciências Fisiológicas, pela Livre-Docência em Fisiologia na Universidade do Brasil. Foi assessor da Presidência do CNPq (1951) e Vice-Presidente e Co-Fundador do IBBD (CNPq 1953-1964). É membro da “Académie Internationale de lHistoire des Sciences” (Paris) e da IBRO (International Brain Research Organization). Atualmente dedica-se à História da Ciência no Brasil, colaborando no Núcleo de Memória Científica da Academia Brasileira de Ciências, e, também, estuda problemas de História da Arte e História em geral.