José Moacyr Vianna Coutinho
(COUTINHO, J. M. V.)
José Moacyr Vianna Coutinho descende pelo lado paterno de família ilustre do Minho, norte de Portugal. Seu avô, Miguel, militar miguelista expatriado durante perseguições políticas do século XIX, fixou-se em Avaré como fazendeiro e político. Seu pai, Ulysses, ali também fez breve carreira como advogado criminalista e político, elegendo-se vereador e Vice-Prefeito. Sua mãe, Nancy, era filha de Cristiano Vianna, empresário paulista que adquiriu, na década de 30, a Fazenda Rodeio nas fraldas da Serra do Itapeti, Mogi das Cruzes.
Parte da infância e juventude do Prof. Coutinho e de seus nove irmãos transcorreu em fazendas, sítios e chácaras de seus pais e avós. Nestes locais, sua vocação naturalística foi despertada e alimentada por incessante curiosidade.
Sua passagem pelo Colégio São Luiz e cursos pré-universitários não foi brilhante. As médias obtidas em Física, Química e Matemática poderiam ser classificadas como medíocres. Esta inabilidade no trato das Ciências Exatas dificultou-lhe a passagem por vestibulares. Finalmente ingressou na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde cursou História Natural. Bacharel em 1945, o Prof. Rui Ribeiro Franco convidou-o para ingressar na carreira universitária como Assistente no Departamento de Mineralogia e Petrologia da mesma Faculdade. Sob a orientação daquele mestre, o Prof. Coutinho adquiriu o “know-how” para a docência e pesquisa. Na Universidade da Califórnia em Berkeley, EUA, cursou matérias de pós-graduação em 1952-1953 e, sob a orientação de seu amigo e grande petrólogo Francis J. Turner, especializou-se em pesquisas e técnicas petrográficas para exame de paragêneses minerais em rochas ígneas e metamórficas. Ainda nos Estados Unidos, o Prof. Coutinho pesquisou na Universidade da Georgia em Athens como “research associate” (1972-1973). No Gemological Institute of America, em Santa Mônica, permaneceu por seis meses a fim de tomar conhecimento de novas técnicas de exame de diamantes e pedras coradas e transferi-las para laboratório brasileiro.
Em sua carreira como cientista, o Prof. Coutinho demonstrou talento fora do comum na identificação de gemas, minerais e rochas através de técnicas laboratoriais em especial as microscópicas. Por outro lado, sua paixão pela natureza o atraía continuamente para o campo. Explicam-se desta maneira muitos trabalhos publicados, em que o estudo de minerais e rochas particulares era precedido de minucioso mapeamento ou levantamento das condições de ocorrência no campo. Assim nasceram suas teses de doutoramento (“Petrologia da região de São Roque”, 1950), livre-docência (“O gnaisse alcalino da Serra do Matola”, 1963) e de cátedra (“Petrologia do Pré-cambriano em São Paulo e Arredores”, 1968).
Ao final dos anos 50, o Prof. Coutinho foi um dos responsáveis pela formação do curso de Geologia e, durante a reforma universitária do fim da década de 60, foi uma das lideranças do então instaurado Instituto de Geociências da USP.
O Prof. Coutinho tem mais de 120 trabalhos publicados em periódicos nacionais e estrangeiros, participou de mais de vinte reuniões, simpósios ou congressos internacionais e é membro titular da subcomissão de sistemática das rochas metamórficas da International Union of Geological Sciences (IUGS).
Aposentado na USP em 1978, foi por algum tempo Professor Visitante na UNICAMP e atualmente (1995) presta serviços ao IPT de São Paulo como pesquisador.
À época da redação desta biografia o Prof. Coutinho, com 71 anos, era casado com a bióloga Lila e o orgulhoso pai do empresário Mauro, do cartunista Laerte, da fotógrafa Helena e da socióloga Marília. É vaidoso avô de 10 netos e tornou-se, neste ano, o encantado bisavô de Diana.