Fausto Walter de Lima
(LIMA, F. W.)
Fausto W. Lima, nascido em Franca, SP, formou-se em 1946 pela Escola Politécnica da USP, tendo passado a integrar o Corpo Docente desta Escola em 1947 como Professor Assistente de Físico-Química. Em 1957 foi comissionado pela USP junto ao Instituto de Energia Atômica (hoje Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN), com a finalidade de formar e dirigir a Divisão de Radioquímica daquele Instituto, bem como para participar da construção e instalação do primeiro reator nuclear no Brasil, IEA-R1. Iniciou a formação do primeiro grupo de radioquímicos no Brasil e que se dedicou, principalmente, a métodos radioquímicos de análise, por ativação, análise por diluição isotópica, produção de radioisótopos, principalmente os destinados a finalidades médicas e à purificação de urânio para fins nucleares. Projetou os Laboratórios de Radioquímica do IEA. Em 1960 e 1963 recebeu duas doações da Fundação Rockefeller, totalizando 50.000 dólares, o que era uma quantia substancial, na época, o que permitiu adquirir equipamento necessário para desenvolvimento dos trabalhos da Divisão de Radioquímica do IEA, a saber, contadores Geiger-Müller, “Scalers”, analisadores de raios gama, detectores de NaI e de Ge-Li, termo balança e polarógrafo. Juntamente com Alcídio Abrão, um dos seus principais colaboradores na Divisão de Radioquímica do IEA, iniciaram os estudos de purificação de urânio natural construindo a primeira usina-piloto correspondente no Brasil (publicação IEA-42, “Produção de Compostos de Urânio Atomicamente Puros no Instituto de Energia Atômica”, F. W. Lima e A. Abrão, 1961). Essa publicação só teve divulgação, conhecimento e alcance público após 1968, pois fora considerada, pelos órgãos competentes, como confidencial até que se terminasse o procedimento de registro da patente correspondente, o que só ocorreu em 1968, quando cedeu (em 1967), sem receber vantagens ou benefícios pessoais nenhuns, a parte dos direitos que lhe cabiam na Patente nº 62.238 (Departamento Nacional de Propriedade Industrial), à Comissão Nacional de Energia Nuclear. Não foi, por isso, a publicação IEA-42, mencionada acima, examinada e nem julgada pela Comissão Técnica do Prêmio Moinho Santista que lhe foi concedido em 1961 pelos seus trabalhos no campo de Radioquímica, iniciados em 1951, na Universidade de Colorado, onde novamente foi bolsista da Fundação Rockefeller, continuados na Escola Politécnica e, em seguida, no Instituto de Energia Atômica. Em 1970 os trabalhos da Divisão de Radioquímica do IEA foram selecionados pelo “Journal of Radioanalytical Chemistry”, para constituírem o tópico de “Laboratory of the Issue” do volume 4, páginas 391-396. Os “Laboratory of the Issue” do J. Radioanal. Chem. constituíam artigo especial, do mês correspondente, de instituições ou unidades de pesquisa cujos trabalhos tivessem destaque na literatura internacional, sobre Radioquímica. Foram “Laboratory of the Issue”, entre outros laboratórios de Radioquímica, os de Oak Ridge; Ghenf University, Bélgica; Texas A and M College Station; Reactor Centrum, Nederland; Eotvos University, Budapest.
Fausto Lima é um dos fundadores do “Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry” e de “Radiochemical and Radionalytical Letters”, publicados pela Academia de Ciências de Budapeste, de cujos corpos editoriais pertenceu até sua aposentadoria em 1987. Foi um dos fundadores, em 1975, dos cursos de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear Básica, do IPEN, tendo liderado os trabalhos da Comissão de Pós-Graduação correspondente, de 1975 a 1981, e cuja avaliação, pela CAPES, foi sempre “A” nesse período. Foi pesquisador da Indústria Orquima onde desenvolveu um dos primeiros trabalhos, no Brasil, para separação dos elementos de terras-raras utilizando resinas trocadoras de íons e participando do trabalho sobre a experiência brasileira no estudo de purificação e produção de elementos de terras-raras, apresentado na 2ª Conferência Internacional de Genebra de Aplicações Pacíficas de Energia Atômica, em 1958.
Publicou cerca de 120 trabalhos até 1986, em revistas nacionais, internacionais e congressos tecnocientíficos, tendo formado, de 1975 (quando foi fundado o Curso de Pós-Graduação do IPEN) a 1987, quando se aposentou, cerca de 20 Mestres e Doutores em Radioquímica e que, hoje, em sua maioria, trabalham no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.