Bianca Silvana Zingales
(ZINGALES, B.)
Bianca Silvana Zingales nasceu em Palermo (Itália) em 15 de janeiro de 1948 e veio ao Brasil com seus pais, Paolo Zingales e Concetta Cardella Zingales em junho de 1955. Fez seu curso básico no Colégio Dante Alighieri, São Paulo, e formou-se Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, USP, em 1969. Em 1970 ingressou na pós-graduação em Bioquímica no Instituto de Química da USP, e, sob orientação do Prof. Dr. Walter Colli, obteve o grau de Doutor em Ciências em 1975, trabalhando em aspectos da transcrição de RNA ribossômico em bactérias. Neste mesmo ano foi contratada como Professor assistente doutor no Departamento de Bioquímica do IQ-USP, cargo no qual permaneceu até 1985, ocasião em que foi aprovada em concurso para Professor Livre-Docente. Desde 1997, Bianca Zingales é Professora titular do IQUSP.
A partir de 1976, trabalhou em aspectos do metabolismo do AMP cíclico de Trypanosoma cruzi em colaboração com o Professor Walter Colli. Na década de 80, fez importantes contribuições, destacando-se a identificação de glicoproteínas envolvidas no processo de penetração do parasita na célula hospedeira, bem como identificação da atividade da trans-sialidase, uma enzima peculiar de alguns tripanossomatídios. Em colaboração com a Dra. R.M. de Lederkremer da Universidade de Buenos Aires caracterizou glicocolipídios dos estágios evolutivos do parasita.
A partir de 1990, estabeleceu o laboratório de Biologia Molecular de Parasitas no IQ-USP. Dentre as contribuições, destaca-se a clonagem e caracterização de genes de antígenos imunodominantes. Uma proteína derivada deste estudo hoje faz parte de um kit de diagnóstico. Em colaboração com pesquisadores do INCOR, abriu perspectivas para o estudo de processos de autoimunidade que ocorrem na cardiopatia chagásica.
No grupo da Professora Zingales foi clonado o cistron ribossômico de T. cruzi que revelou a presença de uma região específica que permite a detecção do parasita com elevada sensibilidade. Em 1993, o grupo da Professora Zingales mostrou que as cepas de T. cruzi, que apresentam elevada heterogeneidade biológica e genética, podiam ser divididas em dois grupos principais. Em colaboração com investigadores da FIOCRUZ estabeleceu a distribuição epidemiológica dos dois grupos, sua associação com hospedeiros mamíferos e insetos vetores e com as manifestações clínicas da Doença de Chagas. Recentemente, em colaboração com o Dr. M. Briones da UNIFESP descreveu uma análise filogenética que indica que os dois grupos de cepas divergiram no Cenozóico. Atualmente, no grupo da Professora Zingales buscam-se marcadores moleculares das cepas que definiriam seu potencial de patogenia.
Em 1994, a pesquisadora passou a integrar o consórcio do Projeto Genoma de Trypanosoma cruzi. Atualmente, em seu laboratório está sendo implantada a tecnologia de “microarrays” de DNA para o estudo da expressão diferencial de genes em cepas do parasita.
A contribuição acadêmica da Professora Zingales está descrita em cerca de setenta artigos, seis revisões e duas patentes relacionadas com o diagnóstico da Doença de Chagas.
Integrou o Steering Committee on Chagas Disease da Organização Mundial da Saúde – OMS, nos anos de 1992 e 1993; em 1997 passou a integrar o Research Strengthening Group, OMS; foi recentemente designada para o Expert Advisory Panel on Parasitic Diseases, OMS. É consultora de agências de fomento nacionais e internacionais, membro do corpo editorial das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Foi Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, 1994/1996.
A pesquisadora possui um elevado envolvimento com o ensino de graduação, tendo recebido homenagens e coordenado a formulação de um novo currículo para o curso de Química da Universidade de São Paulo, que entrou em vigência no presente ano de 2001. Formou cinco mestres e seis doutores. Atualmente estão sob sua orientação dois estudantes de doutorado e um de mestrado.