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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Antonio Paes de Carvalho

(PAES DE CARVALHO, A.)

13/06/1935
Brasileira
28/12/1965
17/09/2021

ANTONIO PAES DE CARVALHO (n. Rio de Janeiro, 13/06/35). Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (1954-9). Entrou para o Instituto de Biofísica em 1954, como estagiário. Primeiras experiências científicas trataram do controle nervoso da descarga elétrica do poraquê, sob a orientação de Carlos Chagas. Seu primeiro trabalho, como co-autor nesse grupo, foi publicado nos Anais da ABC (1956). Em 1957, foi designado por Chagas para trabalhar em Eletrofisiologia Cardíaca, sob a orientação do cientista americano Brian Hoffman, que implantou no Instituto o Laboratório de Eletrofisiologia Cardíaca. Realizou com Hoffman o primeiro registro da atividade elétrica celular do nódulo átrio-ventricular. Esse resultado, que muitos perseguiam sem sucesso, foi publicado em 1958 na revista Nature (London). Paralelamente, descobriu o sistema de vias especializadas de condução dos átrios, caracterizando a sua atividade elétrica (Am. J. Physiol., 1959). Em 1960, expandiu o estudo do nódulo átrio-ventricular (Circulation Research, 1961). Defendeu em 1961 tese de Doutorado em Medicina, versando eletrofisiologia cardíaca. Foi a seguir contratado como “Instructor” e logo Visiting Assistant Professor de Fisiologia pela State University of New York, em Brooklyn, aonde continuou trabalhando com condução atrio-ventricular (Am. J. Physiol., 1963). Nessa época, concebeu o que seria a sua mais importante contribuição científica: o conceito de que o potencial de ação do músculo cardíaco se compunha de duas respostas excitáveis superpostas, complementares e separáveis. O trabalho dos dois componentes do potencial de ação cardíaco (Tese de Docência em 1964, artigo no Nature em 1966 e trabalhos de expansão conceitual entre 1966 e 1971) valeu-lhe o continuado apoio do NIH/USA e expansão do Laboratório no Rio de Janeiro. Valeu-me também o Prêmio Lafi 1969 e um afluxo de alunos de iniciação científica e de pósgraduação. Mais tarde, em 1979, foi agraciado com a Medalha de Ouro Pio XI, da Pontifícia Academia de Ciências (Vaticano), estendendo-se a sua atividade de bancada até 1985. Na administração acadêmica, organizou em 1964 a Pós-graduação do Instituto e foi seu Diretor Adjunto. Entre 1971 e 1972, exerceu a Sub-Reitoria de Pósgraduação e Pesquisa da Universidade. Foi Membro do Conselheiro Federal de Educação de 1974 a 1980. Tornou-se Professor Titular em 1977. Licenciou-se por oito meses em 1978-79, para ser Professor Visitante e Guggenheim Fellow junto ao Harvard-MIT Health Sciences and Technology Program e ao Departamento de Farmacologia da Columbia University College of Physicians and Surgeons, lecionando eletrofisiologia cardíaca em nível avançado. De 1980 a 1985, como Diretor do Instituto de Biofísica, de início com alguns colegas (especialmente Affonso do Prado Seabra, Maria Apparecida Esquibel e Antonio Rodrigues Cordeiro) ao Programa de Biotecnologia Vegetal da UFRJ (1983), ao mesmo tempo em que montou com Seabra a Biomatrix, primeira empresa brasileira de biotecnologia vegetal. Fundou em 1986 a ABRABI, a Associação Brasileira das Empresas de Biotecnologia, que vem presidindo até hoje. Teve ação direta na redação da emergente legislação brasileira sobre invenções biotecnológicas, proteção de cultivares, bioética e biossegurança e desenvolvimento sustentado nas regiões de conservação da biodiversidade. Junto com Carlos Medicis Morel, Jorge Almeida Guimarães e Tereza Cristina Denucci Martins, criou em 1988 o Pólo Bio-Rio, um parque tecnológico dentro do “campus” da UFRJ, dedicado à implantação de pequenas empresas em Biotecnologia e áreas afins, e à integração Ciência-Indústria. Permanece até hoje engajado nessa atividade, como Secretário Geral da Fundação Bio-Rio.