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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Paulo Sérgio Lacerda Beirão

(BEIRÃO, P. S. L.)

06/12/1949
Brasileira
01/06/2004

Teve seu interesse pela ciência despertado desde cedo, quando estudava no Colégio Arnaldo e, posteriormente no afamado Colégio Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Formou-se em medicina pela UFMG, em dezembro de 1972, iniciando imediatamente o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), orientado pelo professor Leopoldo de Meis. Obteve o título de Mestre em Biofísica em fevereiro de 1976, iniciando em seguida um estágio (precursor do atual “sanduíche”) na University of Pennsylvania e Jefferson Medical College, onde aprendeu a técnica de voltage-clamp, ainda inexistente no Brasil. Foi um dos primeiros a demonstrar diretamente que canais iônicos podem saturar (Beirão & Lakshminarayanaiah. J. Physiol., 293: 319, 1979). Doutorou-se, em fevereiro de 1980, pela UFRJ, tendo como orientador o professor Leopoldo de Meis. Iniciou no departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG um trabalho pioneiro no Brasil de estudo de mecanismos de ação de neurotoxinas animais, utilizando métodos eletrofisiológicos. Fez estágio de pós-doutoramento na University of Leicester, Inglaterra, de setembro de 1992 a setembro de 1993, onde aprendeu e adquiriu experiência na técnica de patch clamp. Propôs que os canais de potássio sensíveis à ATP pertencem a uma família distinta dos canais ativados por cálcio (Beirão et al.J. Physiol., 474: 269, 1994), o que foi confirmado pouco depois por técnicas de clonagem. Foi um dos pioneiros na técnica de patch clamp no Brasil, e o primeiro a utilizá-la na elucidação do mecanismo de ação de neurotoxinas de animais brasileiros. Demonstrou a ação de diferentes toxinas da aranha Phoneutria nigriventer em canais de sódio (Araújo et al. N-S Arch. Pharmacol. , 347: 205, 1993; Matavel et al. FEBS Lett. , 523: 219, 2002), sobre canais de cálcio (Guatimosim et al. Brit. J. Pharmacol., 122: 591, 1997; Kalapothakis et al. Toxicon , 36: 1971, 1999; Leão et al. Neuropharmacol., 39: 1756, 2002) e sobre canais de potássio (Kushmerick et al. J. Neurochem. , 72: 1472, 1999). Demonstrou também ações sobre canais de sódio da crotoxina (Araújo & Beirão. Braz. J. Med. Biol. Res., 26: 1111, 1993; Silva et al., em preparação), crotamina (Matavel et al. Eur. J. Pharmacol. , 348: 167, 1998), γ-zeationina (Kushmerick et al. FEBS Lett., 440: 302, 1998) e da saliva de triatomíneos (Dan et al. J. Med. Entomol., 36: 875, 1999). Contribuiu para a caracterização da leishporina, citolisina produzida pela Leishmania amazonensis, como uma proteína formadora de poro (Noronha et al. Infection & Immunity, 68: 4578, 2000). Recentemente propôs modelo explicativo do mecanismo molecular da ação de toxinas alfa de escorpião (Campos et al. Brit. J. Pharmacol., no prelo). Formou um grupo forte de eletrofisiologia, reconhecido nacional e internacionalmente. Ele orientou sete dissertações de mestrado, sete teses de doutorado, e inúmeros estágios de iniciação científica. Seus ex-alunos ocupam posições na própria UFMG, Universidade Federal da Paraíba, UFRJ e Universidade de São Paulo. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBf), de 1994 a 1996, quando se iniciou a aproximação dos biofísicos brasileiros com biofísicos do Cone Sul. Participou de diversas diretorias e conselhos da SBBf e da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq). É membro do corpo editorial do Brazilian Journal of Medical and Biological Research, por indicação da SBBf e da SBBq. Participa dos conselhos deliberativos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). É também membro da Sociedade Brasileira de Toxinologia. Tem interesse em educação, tendo introduzido métodos inovadores no ensino de graduação em bioquímica (Moreira et al. Ciência Hoje, 13: 18, 1991; Vieira et al. Rev. Bras. Ens. Bioq. Biol. Mol., 01, 2001) e, mais recentemente, tem organizado atividades para aprimorar a educação para a ciência no ensino médio. Foi pró-reitor de Pesquisa da UFMG (1998-2002), coordenador do curso de pós-graduação em Bioquímica e Imunologia (1993-1997) e responsável pela criação e coordenador do Programa de Bioinformática da UFMG, criado em 2002. Como pró-reitor, foi responsável (e primeiro diretor-presidente) pela criação do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Domingues et al. Educação em Revista, 29: 109, 1999), e pelo projeto de criação do Parque Tecnológico da UFMG. É membro do Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, como representante da comunidade científica (2000-2004) e membro associado da Academia Brasileira de Ciências, desde 1998.