Helena Nader e Fernando Peregrino, presidente do Confies.

A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena B. Nader, representou a instituição durante o 5° Congresso Nacional do Conselho Nacional das Instituições de Ensino e Institutos de Pesquisa (Confies), a ser realizado nos dias 17 e 18/11, no Rio Othon Palace, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Será o primeiro evento presencial do Confies desde o início da pandemia, e contará com a presença de 93 fundações de apoio, dos 26 estados do país e do Distrito Federal. Este ano, um dos principais temas do encontro será a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no ambiente de pesquisa.

Nader participou da “Mesa Solene: Restrições Orçamentárias para C&T“, junto com a Acadêmica Ana Tereza Vasconcelos, representante da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC); Carlos Frederico Rocha, vice-reitor da Universidade Federal do Rio de  Janeiro (UFRJ); e Renato Janine, presidente da SBPC. O debate ocorreu no primeiro dia de evento, a partir das 11h.

Ana Tereza Vasconcelos, membro titular da ABC, repreentou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no evento. Ela destacou a importância da cooperação da SBPC com o Confies e outros sócios institucionais, que atuam juntos no desenvolvimento de ações científicas. Ampliar essa rede se demonstra cada vez mais importante à medida que o país precisa de cada vez mais mobilização dentro da comunidade acadêmica.

“Nós vamos ter que reconstruir de fato o Brasil. Não é palavra solta; precisamos reconstruir ministérios e parcerias”, decretou Nader, ao fazer uma breve análise sobre o atual estado do país. Para a cientista, a educação e a ciência são urgências – e seu atraso, no futuro, pode se tornar irreversível. Ela afirmou: “Um prédio, uma estrada, você pode reconstruir, começar do zero. Mas com educação e ciência, isso não pode acontecer. São como as geleiras – depois que derretem, você não consegue fazer com que voltem a ser gelo.”

Apesar de ter assumido um compromisso com a comunidade acadêmica do país, o atual governo eleito também demanda atenção especial da população brasileira. Com olhar crítico, a professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) destacou que, em suas gestões anteriores, o governo petista também foi nocivo às Fundações de Apoio – uma unidade fundamental para manutenção das ICTs no país. Outro fator relevante é o aumento no valor das bolsas da pesquisa, que provavelmente não irá acompanhar o valor do salário mínimo. Prover uma bolsa digna para pesquisadores é um dos principais incentivos dos quais o setor acadêmico carece atualmente.

A tendência é que 2023 seja uma ano ainda mais difícil para a educação – a menos que a Medida Provisória 1136, aprovada em 2022, seja revogada. A MP pretende subtrair ao menos R$ 14 bilhões de recursos da ciência nos próximos cinco anos, sendo estes provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de verba científica atualmente. “Vamos precisar de muita união para atingir esse Brasil que nós queremos. E precisamos de educação, em todos os níveis – da creche ao superior –, porque o mundo não ficou parado ao longo dos anos em que o Brasil não evoluiu”, sinaliza a professora da Unifesp.

Para a presidente da ABC, é possível que o país consiga se reestruturar – desde que seja capaz traçar metas e objetivos claros. “O país tem recursos, mas não tem prioridades”, analisou Nader. “O que eu espero do novo governo é que educação e ciência saiam do teto de gastos. A gente lutou por isso. Enquanto o Brasil não assumir que educação e ciência não são gastos, mas sim investimentos, o país não irá sair do buraco.”

 

Assista à sessão completa.

Confira a programação preliminar do evento.

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